A presente pesquisa tem como principal objetivo investigar o conceito de história ou, ainda, o sentido histórico no corpus da filosofia de Friedrich Nietzsche. Com esse escopo em mente, partiremos de um de seus textos considerados de juventude, as Considerações Extemporâneas (1873), chegando até o período tardio da Genealogia da Moral (1887). A hipótese que aqui se coloca é a da existência de uma continuidade no tipo de apropriação e de crítica que nosso autor faz da história, não obstante as transformações operadas em seu pensamento. Pensador alemão da segunda metade do século XIX e homem de seu tempo, Friedrich Nietzsche já anuncia os perigos da autonomização da história como um saber e o consequente caráter totalizador contido em tal concepção. E, indo além, quer também entender, em sua concepção de história, como esta pode servir à vida e nos mostrar a formação dos valores: essa é sua filosofia histórica. Pretendemos, ainda, relacionar a crítica da cultura histórica das Segundas Considerações Extemporâneas de Nietzsche ou a demarcação de sua utilidade com a crítica (do período da Genealogia) aos valores da modernidade e à dicotomia platônico-cristã reiterada por esta.

The aim of this work is to investigate the concepts of history and historical sense in Friedrich Nietzsches philosophy, focusing on one of his youth texts, the Untimely Meditations (1873), and on one of his mature age writings, On the Genealogy of Morality (1887). Our hypothesis is that there is a continuity of guiding principles concerning our authors understanding and criticism of history, regardless of the changes his views on the matter might have undergone throughout his years as a philosopher. A German thinker living in the second half of the nineteenth century and a man of his time, Friedrich Nietzsche anticipates the dangers of turning history into some sort of autonomous knowledge as well as its resulting metaphysical totalizing nature. Moreover, Nietzsche explains how history can promote life and how values were created that is his historical philosophy. The Nietzschean criticism of the historical culture in the Second Untimely Meditation (or the demarcation of its usefulness) seems to us linked to the criticism (in the Genealogy period) of modernitys values and of the Platonic-Christian dichotomy reiterated by the latter.