Esta Tese de Livre-Docência é resultado de pesquisas iniciadas em meados de 1998, apoiadas pelo Rio Tinto Desenvolvimentos Minerais - RTDM, para caracterização mineralógica e petrográfica de rochas paleoproterozóicas hidrotermalizadas na Província Aurífera dos Tapajós (PA). Estes estudos enfocaram inicialmente com duas áreas com rochas mineralizadas e hidrotermalizadas, uma hospedada vulcânicas e vulcanoclásticas do Grupo Iriri, objeto da dissertação de mestrado de Carmen Maria Dantas Nunes, e outra nos granitos do Garimpo Batalha, preliminarmente estudados por Rafael Hernandes Corrêa Silva em seu Trabalho de Formatura. Posteriormente uma terceira zona de alteração hidrotermal também hospedada em vulcânicas, vulcanoclásticas e epiclásticas, foi objeto da dissertação de mestrado do último autor. Todos esses candidatos foram orientados pelo candidato a esse concurso. As vulcânicas, vulcanoclásticas e sedimentos associados na região estudada na Província Aurífera do Tapajós encontram-se, pelo menos parcialmente, metamorfisadas em um grau muito baixo (Very Low Grade Metamorphism - VLGM), com cristalização de clorita e zeólitas nas vulcânicas e sericita + clorita + argilo-minerais nos sedimentos e vulcanoclásticas. As deformações são muito fracas e localizadas, consistindo em leve ondulações, com incipiente orientação de micas segundo os planos axiais das dobras. Entretanto, como as zonas de alteração hidrotermal são muito extensas, pervasivas e intensas, e como os levantamentos em campo limitaram-se a poucos quilômetros ao redor dos centros hidrotermais, parte das paragêneses consideradas como geradas por metamorfismo regional podem ter sido formadas nos halos mais externos e superficiais da alteração, semelhantemente ao verificado em campos geotermais atuais (Hemley, 1985). Neste caso, seria melhor classificar o metamorfismo como hidrotermal (Juliani et al., 2002), mas ainda são necessários estudos regionais para a definição desta questão, que será abordada no doutoramento de Fernando Camargo Freitas e de Rafael Hernandes Corrêa Silva, em início de desenvolvimento. Devido ao grau incipiente do metamorfismo, as rochas serão identificadas nos textos apresentados pelos seus protolitos. Os estudos feitos na primeira área permitiram a caracterização de existência de um sistema epitermal high-sulfidation fóssil com cerca de 1,86 Ga, que constitui-se no mais antigo deste tipo já descrito, e o único até o momento no Brasil. A denominação high-sulfidation aqui utilizada baseia-se no estado de oxidação do fluido, como proposto por Heldenquist (1987), e corresponde aos sistemas high-sulfur (Bonham, 1984), quartz-alunite (Berger, 1986) ou acid sulfate (Heald et al., 1987), Berger & Henley (1989).