O Brasil é um dos países com maior riqueza de espécies no mundo, porém tal riqueza sofre pressões constantes como a perda de habitat e comércio ilegal. Além da saúde ambiental, o conhecimento do estado de saúde de populações selvagens é importante peça no planejamento estratégico e combate a doenças, tanto de interesse humano quanto de animais selvagens e domésticos. Por este motivo instituições de recebimento de fauna são importantes não só para a proteção a biodiversidade, como da saúde ambiental, animal e humana. O presente estudo teve por objetivo compor estes esforços ao identificar o perfil de animais recebidos pela Divisão de Fauna Silvestre (DFS), com enfoque nos recebimentos do Centro de Manejo e Conservação de Animais Silvestres (CeMaCAS), trabalhando com os dados retrospectivos de recebimentos e destinações entre os anos de 2018 a 2021. Nos quatro anos analisados foram identificados 30.991 cadastros, sendo 63,12% aves (19.560), 30,66% mamíferos (9.501) e 5,61% répteis (1.739), 0,52% (163 animais) de outros clados e 0,09% (28 cadastros) com perda de dados. Deste total, 6.304 foram vítimas do comércio ilegal, sendo os grupos mais representativos as aves com 91,37% (5.760) e os répteis com 7,57% (477). As apreensões representaram em média 20% dos recebimentos anuais e aparecem temporalmente mais concentradas no segundo semestre de cada ano, embora o mês de maio também tenha se mostrado expressivo. São Paulo aparenta ser o polo das apreensões, seguido de municípios próximos, como Osasco e São Bernardo do Campo, e regiões de Santos, Sorocaba, Jundiaí e Campinas, trechos cruzados pelas rodovias SP-021, SP-330 ou BR-116. Foram identificadas 7.489 destinações, entre elas 4.017 (53,64%) solturas e 1.092 (14,58%) óbitos. A maioria dos animais permaneceu na instituição por um período de dois a três meses, média de 80 dias e 75% dos animais foi destinado em até 92 dias, sendo a maioria das solturas realizadas em até 144 quilômetros do local de origem do animal. Tais informações podem ser importantes auxiliares em processos futuros de formulação de protocolos de manejo e biosseguridade destes animais, assim como podem representar peças chave para formulação de sistemas automatizados de alerta e vigilância.

Brazil is one of the countries with the greatest species wealth in the world, but this wealth is subject to constant pressure such as habitat loss and illegal trade. Beyond environmental health, the knowledge of wildlifes health status is an important for planning and combating diseases of importance for human and animals, both domestic and non-domestic. For this reason, institutions that receive wild animals are important not only for protecting biodiversity, but also for environmental, animal and human health. The present study aimed to complement these efforts by identifying the profile of animals received by the Divisão de Fauna Silvestre (DFS), focusing on receipts from the Centro de Manejo e Conservação de Animais Silvestres (CeMaCAS), working with retrospective data on receipts and destinations between 2018 and 2021. In the four years analyzed, 30,991 unique ID were identified, each representing an animal, 63.12% birds (19,560), 30.66% mammals (9,501) and 5.61% reptiles (1,739), 0,52% (163 animals) from other clades and 0,09% (28 unique IDs) were not identified. Of this total, 6,304 were victims of illegal trade, with the two most representative groups being birds with 91.37% (5,760) and reptiles with 7.57% (477). Seizures represented an average of 20% of annual receipts and appear temporally more concentrated in the second half of each year, although the month of May was also of significance. São Paulo appears to be the center of seizures′ concentration, followed by nearby municipalities, such as Osasco and São Bernardo do Campo, and regions of Santos, Sorocaba, Jundiaí and Campinas, sections crossed by the highways SP- 021, SP-330 or BR-116. 7,489 destinations were identified, including 4,017 (53.64%) releases and 1,092 (14.58%) deaths. Most of the animals remained at the institution for a period of two to three months, an average of 80 days and 75% of animals were released within 92 days, with the majority of releases taking place within 144 kilometers of the animal's place of origin. Such information can be of important aid in future processes for formulating management and biosecurity protocols for these animals, they can also represent key pieces for the formulation of automated warning and surveillance systems.