Neste trabalho o materialismo histórico-dialético (MHD) foi utilizado como base teórica e prática para investigação e explicação da história da ciência do tempo biológico, nominada por cronobiologia. Por esta base, compreende-se que o surgimento das ideias e representações da realidade, entre elas, a ciência, acontece a partir do processo histórico e dialético entre os sujeitos históricos e as condições materiais de existência (MARX; ENGELS, 2005). Para explicar como a cronobiologia foi engendrada, durante a década de 1960, foram analisados tanto os aspectos sociais e econômicos, reconhecidos como fundamentais na concepção externalista da história da ciência, como também foi considerada a dinâmica interna do fazer científico, as hipóteses e os métodos, presentes e determinantes na concepção internalista. Para superação da dicotomia entre essas interpretações da história, foi observada a relação de reciprocidade entre os fatores externos e internos na produção do saber científico. Como procedimentos metodológicos, coube a realização de leituras de artigos científicos, históricos e biográficos, consulta de documentos digitais e de bibliografia especializada em ciência e história. Nessas fontes, as evidências observadas mostraram a influência da Guerra Fria na produção científica da cronobiologia, pois a NASA e a OTAN financiaram experimentos e laboratórios para pesquisas sobre os ritmos biológicos em humanos. F. Halberg, J. Aschoff e C. Pittendrigh, cientistas fundadores dessa ciência, deixaram, em algumas narrativas históricas, relatos sobre a trajetória de suas vidas e o surgimento da cronobiologia, o que permitiu observar a relação intrínseca entre os aspectos externos e internos da história desse saber científico. Rompida a linearidade da história da ciência, se propõe uma narrativa sobre história e ciência.

In this work, the historical-dialectical materialism (HDM) was used as a theoretical and practical basis for investigation and explanation of the history of the science of biological time, named chronobiology. From this basis, the emergence of ideas and representations of reality, including science, happens from the historical and dialectical process between historical subjects and material conditions of existence (MARX; ENGELS, 2005). To explain how chronobiology was engendered, during the 1960s, both social and economic aspects, recognized as fundamental in the externalist conception of the history of science, were analyzed, as well as the internal dynamics of scientific making, hypotheses and methods were considered, present and determinant in the internalist conception. To overcome the dichotomy between these interpretations of history, the relationship of reciprocity between external and internal factors in the production of scientific knowledge was observed. The methodological procedures included reading scientific, historical and biographical articles, consulting digital documents and bibliography specialized in science and history. From these sources, the observed evidence showed the influence of the Cold War on the scientific production of chronobiology, as NASA and NATO funded experiments and laboratories for research into biological rhythms in humans. F. Halberg, J. Aschoff and C. Pittendrigh, founding scientists of this field, showed in some historical narratives, reports on the trajectory of their lives and the emergence of chronobiology, which allowed us to observe the intrinsic relationship between external and internal aspects of the history of this scientific knowledge. The present approach make possible to break down the linearity of the history of science. A narrative on history and science was proposed.