A realização independente e autônoma das atividades instrumentais da vida diária (AIVDs) demanda das pessoas idosas condições de preservação física e competências psicológicas. Alterações no senso de independência para realizá-las podem se refletir na experiência emocional dos indivíduos de forma heterogênea, incluindo quadros de vulnerabilidades ao bem-estar e riscos à saúde mental. Examinar a composição de agrupamentos segundo indicadores de dependência (total ou parcial) para a realização AIVDs, assim como as associações desses agrupamentos com sintomas depressivos específicos em idosos residentes na comunidade foi o objetivo de pesquisa que motivou o desenvolvimento da presente dissertação de Mestrado em Gerontologia. Para tal, realizou-se um estudo descritivo e analítico com delineamento transversal a partir do banco de dados eletrônico da coleta de seguimento do estudo FIBRA - Fragilidade em Idosos Brasileiros - polo Unicamp realizada nas localidades de Campinas (SP) e Ermelino Matarazzo (SP) anos de 2016-2017. O banco de dados foi composto por informações de 419 idosos (M= 80 anos (+ 4,5)); 69,4% sexo feminino), residentes na comunidade, com prevalência de 49,64,% dependentes para as AIVD segundo a escala de Lawton e Brody e prevalência de 29,1% para depressão segundo a GDS-15. Para a formação dos grupos e caracterização dos grupos, utilizou-se a análise de cluster pelo método de agrupamento hierárquico de Ward e medidas de similaridade, considerando a dependência para cada AIVD, seguidas de análise de regressão multinomial para identificar as razões de chance para um dos sintomas depressivos que compõem a GDS-15. A análise de cluster resultou em quatro grupos de manifestação de dependência para AIVDs, com verificação crescente no número, tipo de dependências e associações com condições sociodemográficas e piora quanto à autoavaliação de saúde, senso de autonomia e controle entre os clusters 1 a 4. Após ajuste pelas variáveis sexo, status conjugal, autoavaliação de saúde e percepção de controle e autonomia, os clusters apresentaram probabilidades diferenciadas quanto as experiências emocionais indicadas pelos sintomas depressivos. Em relação ao cluster 1, o mais preservado de condições de dependência, o cluster 2 apresentou experiências emocionais sugestivas de rebaixamento em afetos positivos (item 7 da GDS, O.R.=4,19) e disposição física (item 13 da GDS, O.R.=2,03). O cluster 3, com maiores dependências para AIVDs realizadas fora do domicílio, revelou probabilidade sugestiva de vulnerabilidades para o isolamento social ( item 7, O.R.=4,88 e item 9, O.R.=2,05). O Cluster 4, com maior número e tipos de dependências, apresentou maior probabilidades para a experiência de sintomas depressivos centrais para o diagnóstico clínico de depressão, sendo considerado o grupo mais vulnerável a essa ocorrência. As evidências, sugerem, portanto, a validade em especificar as dependências em termos das atividades instrumentais pois estas expõem as pessoas idosas a diferentes experiências emocionais. Estratégias de atenção em saúde e profissionais da reabilitação devem incluir tais vulnerabilidades nos planos de cuidado e estimular políticas públicas que promovam o cuidado comunitário e a valorização do capital social de idosos, mesmo em condições de dependência.

The independent and autonomous performance of instrumental activities of daily living (IADLs) demands conditions of physical preservation and psychological competencies from the elderly. Changes in the sense of independence to carry them out can be reflected in the emotional experience of individuals in a heterogeneous way, including frames of vulnerabilities to well-being and risks to mental health. Examining the composition of clusters according to indicators of dependence (total or partial) for performing IADLs, as well as the associations of these clusters with specific depressive symptoms in elderly people living in the community was the objective of the research that motivated the development of this Master's thesis in Gerontology. Therefore, a descriptive and analytical study was carried out with a cross-sectional design based on the electronic database of the follow-up collection of the FIBRA study - Fragility in Brazilian Elderly - Unicamp center - carried out in the cities of Campinas (SP) and Ermelino Matarazzo (SP ) years 2016-2017. The database consisted of information from 419 elderly people (M= 80 years (+ 4.5)); 69.4% female, living in the community, with a prevalence of 50.36% dependent for IADL according to the scale of Lawton and Brody and a prevalence of 29.1% for depression according to GDS-15. For the formation of groups and characterization of groups, cluster analysis was used by Ward's hierarchical grouping method and similarity measures, considering the dependency for each IADL, followed by multinomial regression analysis to identify the odds ratios for the depressive symptoms that make up the GDS-15. Cluster analysis resulted in four groups of manifestation of dependence for IADLs, with increasing verification in the number, type of dependencies, and associations with sociodemographic conditions and worsening in terms of self-rated health, sense of autonomy, and control among clusters 1 to 4. After adjusting for the variables sex, marital status, self-rated health, and perception of control and autonomy, the clusters showed different probabilities regarding the emotional experiences indicated by depressive symptoms. Regarding cluster 1, the most preserved of dependence conditions, cluster 2 presented emotional experiences suggestive of lowering in positive affects (item 7 of the GDS, O.R.=4.19) and physical disposition (item 13 of the GDS, O.R.=2 .03). Cluster 3, with greater dependencies for IADLs performed outside the home, revealed a probability suggestive of vulnerabilities for social isolation (item 7, O.R.=4.88 and item 9, O.R.=2.05). Cluster 4, with the highest number and types of addictions, was more likely to experience depressive symptoms central to the clinical diagnosis of depression, being considered the most vulnerable group to this occurrence. The evidence, therefore, suggests the validity of specifying dependencies in terms of instrumental activities, as these expose elderly people to different emotional experiences. Healthcare strategies and rehabilitation professionals should include such vulnerabilities in care plans and encourage public policies that promote community care and the appreciation of the social capital of the elderly, even in conditions of dependence.