A pandemia de COVID-19 consolidou-se como um dos momentos de maior reclusão e privação da vida social já vividos pela humanidade, e na cidade de São Paulo-SP não foi diferente. Tendo em vista a complexa realidade da maior capital da américa latina, fortemente marcada pelas suas desigualdades social, econômica e ambiental, a presente dissertação de mestrado estudou como alguns desses aspectos desiguais se manifestaram durante a maior crise sanitária já vivida pela humanidade. Sob as lentes das noções de justiça ambiental, desigualdades ambientais e da discussão acerca dos usos dos espaços das cidades, analisou-se como o processo de crescimento de uma modalidade esportiva, o beach tennis, representou mais uma marca dessas facetas desiguais. A análise partiu da perspectiva de uma São Paulo desigual no que diz respeito aos acessos às áreas verdes da cidade, às práticas de lazer e nos privilégios socioambientais que culminam em distintas qualidades de vida entre a população paulistana. Aqui, estudou-se o beach tennis não apenas na condição de uma prática esportiva, mas como uma manifestação da segregação socioespacial e do caráter exclusivo da forma de uso e apropriação dos espaços urbanos pelas elites. Para cumprir tal tarefa, foi realizada uma revisão da literatura a fim de conhecer o campo de estudo e as suas abordagens. Em seguida, utilizou-se as informações da pesquisa Cidade de São Paulo - Por Região e Número de Quadras, do Comitê Unidos pelo Beach Tennis, para situar o objeto no território do estudo de caso. Por fim, foram cruzadas as informações obtidas neste mapeamento com dados do Mapa da Desigualdade (2020 e 2023), de maneira a explorar o espelhamento entre as desigualdades existentes e os locais da prática no município paulistano. Assim, foi possível concluir que o crescimento do beach tennis em São Paulo-SP, durante a COVID-19, foi uma manifestação do uso desigual dos espaços na cidade, assim como um reforço das desigualdades ambientais no âmbito do município paulista, ao passo que a maioria da população se encontrava em uma condição de restrições às atividades cotidianas de suas vidas. Desta forma, acredita-se que a pesquisa traz contribuições no que diz respeito aos estudos sobre a pandemia, sobre as desigualdades e privilégios e na perspectiva de um estudo interdisciplinar situado no campo da ciência ambiental.

The COVID-19 pandemic has solidified itself as one of the most isolating and socially depriving moments ever experienced by humanity, and the city of São Paulo, Brazil, was no exception. Considering the complex reality of the largest capital in Latin America, deeply marked by social, economic, and environmental inequalities, this master's dissertation explored how some of these unequal aspects manifested during the largest global health crisis in history. Through the lenses of "environmental justice," "environmental inequalities," and discussions surrounding "urban space usage," the study analyzed how the growth of a sport, "beach tennis," represented yet another facet of these inequalities. The analysis began with the perspective of an unequal São Paulo concerning access to green areas, leisure practices, and socio-environmental privileges, which culminate in varying qualities of life among its population. The study of "beach tennis" extended beyond its role as a sport to examine it as a manifestation of socio-spatial segregation and the exclusive nature of urban space usage and appropriation by elites. To achieve this, a literature review was conducted to understand the field of study and its approaches. Subsequently, data from the research project "City of São Paulo - By Region and Number of Courts," conducted by the United Committee for Beach Tennis, was used to contextualize the subject within the case study territory. Finally, the information gathered from this mapping was cross-referenced with data from the "Map of Inequality" (2020 and 2023) to explore the reflection of existing inequalities and the locations of practice within São Paulo. Thus, it was possible to conclude that the growth of beach tennis during COVID-19 in São Paulo was a manifestation of unequal urban space usage and a reinforcement of environmental inequalities within the city, at a time when the majority of the population faced restrictions on their daily activities. In this way, the research contributes to the understanding of the pandemic's impact, inequalities, and privileges, offering an interdisciplinary perspective situated within the field of environmental science.