A produtividade da agropecuária é um tema de destaque no debate sobre o aumento populacional e a crescente demanda por alimentos, devido à sua importância para o crescimento do setor. Além disso, as mudanças climáticas tornam essa discussão ainda mais latente, em decorrência da sensibilidade da produção agrícola a variações no clima. O Brasil, por sua relevância no mercado global de produtos agropecuários, tem sido foco de diversos estudos que focam nesse tema, que também verificaram as expressivas taxas de crescimento da produtividade do segmento. Entretanto, esses bons resultados são concentrados em algumas regiões, expressando uma heterogeneidade no desempenho da agropecuária nacional. Nesse sentido, o objetivo deste trabalho é analisar com maior profundidade a produtividade da agropecuária do Semiárido, uma região que congrega atraso em relação ao desenvolvimento econômico nacional combinado com características físico-climáticas mais desafiadoras para a produção agropecuária, o que torna sua população mais vulnerável as mudanças climáticas. Para isso, estimou-se uma fronteira estocástica de produção, para utilizar seus parâmetros para calcular e decompor um índice de produtividade total dos fatores, tendo como principal fonte de dados os Censos Agropecuários de 2006 e 2017. Os resultados mostraram que a região estudada teve desempenho negativo da produtividade no período considerado, com isso sendo reportado para quase todos os estados que fazem parte do Semiárido, com exceção do estado de Sergipe. Esse desempenho da produtividade no Semiárido foi influenciado, sobretudo, pelo componente ambiental, que refletiu os efeitos da seca registrada entre 2012 e 2017. Outro componente que exerce bastante influência no comportamento das taxas de crescimento da produtividade é a eficiência técnica, que foi o fator determinante das taxas exibidas pelos municípios que registraram os maiores aumentos desse indicador. Com isso, os resultados deste trabalho sugerem que, para tornar essa região mais produtiva, é necessária uma combinação de ações do poder público e de agentes privados que resultem em gestão mais eficiente dos estabelecimentos, e de estratégias que ampliem a resiliência dos produtores da região às intempéries climáticas.

Agricultural productivity is a prominent topic in the literature referent to population growth and the rising demand for food, due to its importance for this sectoral growth. Furthermore, climate change makes this discussion even more latent, due to the sensitivity of agricultural production to variations in the climate. Brazil, considering its relevance in the international commodities markets, has been the focus of several studies that focus on this topic, which also verified the significant growth rates of agricultural productivity. However, these positive results are concentrated in some specific regions, demonstrating the heterogeneity in the agricultural performance. In this sense, the objective of this research is to analyze the productivity of agriculture in the Semiarid region, a region that lags behind in terms of national economic development combined with more challenging edaphoclimatic characteristics for agricultural production, which makes its population more vulnerable to climate change. Therefore, a stochastic production frontier was estimated to use its parameters to calculate and decompose the total factor productivity index, using the Agricultural Censuses of 2006 and 2017 as the main source of data. The results showed that the region had negative productivity performance in the period considered, with the exception of the state of Sergipe. This productivity performance in the Semiarid region was influenced, first, by the environmental components, which reflected the effects of the drought recorded between 2012 and 2017. Another component that influenced the productivity growth rates is technical efficiency, which was the determining factor in the rates displayed by the municipalities that presented the greatest increases in this indicator. Therefore, the results of this research suggest that, to make this region more productive, it is necessary to combine actions by public authorities and private agents that result in more efficient management of establishments, and strategies that increase the production resilience in the region under adverse weather conditions.