A presente pesquisa visou à avaliação da ocorrência de Clostridium botulinum em várias espécies de pescado, incluindo peixes de escama e de couro, crustáceos e moluscos. Um total de 500 amostras foi examinado, compreendendo a pescada-foguete, bagre-do-mar, sardinha-verdadeira, camarão-sete-barbas e ostras. Deste total, 135 amostras (27,0%) apresentaram toxidez indicativa da presença de C. botulinum, quando extratos de culturas eram inoculados intraperitonealmente em pares iguais de camundongos suíços (Mus musculus). A maior freqüência de contaminação foi constatada em camarões (35,0%), seguindo-se as amostras de ostras (34,0%) e de pescada- foguete e bagre-do-mar, com 31,0% cada uma. O menor índice de contaminação por C. botulinum foi verificado em sardinhas (4,0%). Os resultados obtidos pelo exame de amostras de peixes sugerem que fatores tais como hábitos alimentares e “habitat” influenciam grandemente nos níveis de contaminação, sendo maiores nas espécies demersais (pescada-foguete e bagre-do-mar) e menores nas espécies pelágicas (sardinha). O C. botulinum tipo E foi positivado com maior freqüência (13,8%), seguido dos tipos F (4,6%), B (3,0%), A (2,6%) e tipos não identificados (1,6% ) provavelmente tipos C ou D. Por outro lado, observou-se também a ocorrência de amostras contendo mais de um tipo de C. botulinum, na freqüência de 5,1%. Foi também realizada uma avaliação sobre a adequação da metodologia normalmente utilizada na detecção de C. botulinum. Os resultados revelaram que pela efetivação de estrias de isolamento a partir do centrifugado (sedimentos) de culturas, era muito aumentada a possibilidade de isolamento desta bactéria, principalmente quando mais de um tipo era presente na amostra. Verificou-se, também, que pelo uso do teste de iodo, aplicada às colônias isoladas em placas de sacarose-gema de ovo-ágar, resulta em um rápido e eficiente método presuntivo para a detecção do tipo E.

This research is concerned with the occurrence of Clostridium botulinum in some species of fish, shellfish (oysters) and crustaceans (shrimps). Five hundred samples were examined, consisting of one hundred specimens each of white fish, catfish, sardines, shrimps and oysters. One hundred and thirty five samples (27,0%) showed toxicity, indicating the presence of C. botulinum when culture extracts were inoculated intraperitoneally in matched pairs of swiss mice (Mus musculus). The highest frequency of toxicity was observed in shrimps (35,0%) followed by oysters (34,0%), cat fish (31,0%) and white fish (31,0%). Sardines showed the lowest level (4,0%) of contamination. The results suggest that feeding habits and habitat greatly influence the contamination levels, being highest in demersal species (cat and white fishes) and lowest in pelagic ones (sardines). C. botulinum type E was isolated in greatest frequency (13,8%), followed by F (4,6%), B (3,0%), A (2,6%) and non-identified types (1,6%), probably C or D types. Moreover, it was observed that some samples (5,1%) contained more than one C. botulinum type. An evaluation was also made on routine C. botulinum detection methodology compared with plating procedures on egg yolk agar media. The results showed that the isolation of C. botulinum strains was improved when sampling were centrifuged followed by streaking on egg yolk agars. This was particularly noticed usually when more than one C. botulinum type was present. It was also observed that the use of the iodine test on colonies grown on Sacarose-egg yolk agar plates result in a fast and efficient presumptive method for the detection of C. botulinum type E.