Neste trabalho, o autor discute amplamente a importância da percepção nos processos de adoção e difusão de inovações no meio rural e levanta a tese de que as verdadeiras causas de muitos fenômenos de adoção ou de rejeição de inovações pelos agricultores poderiam ser melhor compreendidas e explicadas através do estudo de variáveis perceptuais, do que quando se procura simplesmente verificar da existência de associações entre variáveis sócio-econômicas, normalmente consideradas como objetivas, e a adoção ou rejeição, como tem sido feito tradicionalmente na maioria dos estudos nesta área de interesse da Sociologia Rural. Essa tese foi avaliada indiretamente através de um estado empírico, entre uma amostra de 87 produtores de milho do Município de Itapetininga, no Estado de São Paulo, na investigação das possíveis causas da persistente, e até certo ponto paradoxal, não adoção da inovação “stand ideal” na cultura de milho. A pesquisa empírica revela que os agricultores, em grande parte, não adotam efetivamente o “stand ideal” porque eles não percebem que não estão conseguindo a população de plantas por área que realmente imaginam existir em suas plantações de milho. Por outro lado, a população estimada por eles, se aproxima muito daquela que tem sido considerada pelos especialistas, e divulgada pelos serviços de Extensão Rural e de Assistência Técnica, como sendo a ideal para a maximização dos rendimentos dessa cultura; o que revela que a inovação já pode ser considerada como tendo sido adotada enquanto ideia pelos produtores, embora eles não a concretizem na prática. Os resultados dessa pesquisa parecem sustentar plenamente a tese central, uma vez que as conclusões a que conduziram não teriam sido alcançadas sem a introdução de variáveis perceptuais no modelo conceitual utilizado. O trabalho, além da sua contribuição teórica e metodológica ao campo da adoção e difusão de inovações, discute também diversas implicações de ordem prática para os programas de extensão rural e de assistência técnica à agricultura.

The importance of perception for adoption and diffusion of innovations in agriculture is discussed in this dissertation. The central thesis is that real causes for many phenomena of adoption or rejection of innovations by farmers could be better understood and explained through the study of perceptual variables, instead of simple verification of associations between adoption rates and objective social-economic variables, as has traditionally been done in most studies in this field of Rural Sociology. This central thesis was evaluated indirectly by means of an empirical study of 87 corn growers of Itapetininga in the State of São Paulo, by looking for possible causes for the persistent, and to a certain extent paradoxal, non-adoption of the “ideal stand” for corn growing. Results show that farmers, to a large extent, do not adopt the “ideal stand” because they overestimate the number of corn plants per area. On the other hand, the number of corn plants per area that farmers perceive to have planted is very close to the stand that is considered ideal by corn experts, and that has been widely advertised by the extension and technical assistance agencies as being ideal for maximizing income from corn crops. This suggests that the innovation “ideal stand” could already be considered as having been adopted as an idea by the farmers in spite of the fact that they don’t actually succeed in getting the recommended stand on their corn fields. The research results provide support for the central thesis, since it would have been impossible to arrive at those conclusions if perceptual variables had not been introduced into the conceptual model utilized. Aside from its theoretical and methodological contribution to the field of adoption and diffusion of innovations, the dissertation also discusses some practical implications of its findings for programs dealing with rural extension and technical assistance to farmers.