Conforme estudo realizado em 195 países, em 1990 o Brasil se encontrava em segundo lugar com mais homicídios envolvendo armas de fogo, passando para a liderança em 2016. Através dos dados secundários utilizados nas estimativas do estudo carga global de Doença (GBD), aproximadamente 56% dos homicídios ocorridos no Brasil em 1990 foram utilizando armas de fogo e, em 2015, essa porcentagem se elevou para quase 70%. Assim, com o intuito de otimizar as respostas do exame cadavérico para vítimas tiro, esta revisão sistemática e meta-análise foi realizada com o objetivo de confrontar os resultados da região anatômica de cabeça e pescoço sobre determinação de orifícios de entrada e saída de projéteis de arma de fogo, determinação dos trajetos e localização de fragmentos metálicos obtidos na necrópsia convencional com os da Tomografia Computadorizada post-mortem. A busca pela literatura foi realizada no PubMed, Web of Science, Scopus, Embase, Google Scholar, Teses e Dissertações de Acesso Aberto e lista de referência dos artigos selecionados. Não houve restrição de idiomas nem de datas de publicação. Para melhor qualidade de evidência foram realizados a avaliação do risco de viés dos estudos individuais pelo Instituto Joanna Briggs para estudos analíticos transversais e da força da evidência pelo Grading of Recommendations Assessment, Development, and Evaluation (GRADE). Dos 704 artigos encontrados na busca inicial, 7 foram elegíveis ao estudo. Destes, 4 foram para a localização de fragmentos metálicos, contabilizando 117 vítimas, 6 para determinação de trajeto, contabilizando 181 vítimas e 4 para detecção de orifícios de entrada e de saída, contabilizando 97 vítimas. Como resultado, tem-se que para os orifícios de entrada e saída e para o trajeto não houve diferença estatisticamente relevante entre a Tomografia Computadorizada post-mortem e a necrópsia convencional na região anatômica de cabeça e pescoço (RP 0,81, IC 95% 0,61 - 1,09; p = 1,62; I2 = 44,1% e RP 1,00, IC 95% 0,86 - 1,16; p = 0,180; I2 = 0%, respectivamente. Em ambos o GRADE avaliado foi com força da evidência muito baixa). Entretanto, a Tomografia Computadorizada post-mortem foi 26% superior à necrópsia convencional para a detecção de fragmentos de projéteis na região anatômica de cabeça e pescoço (RP 1,26, IC 95% 0,99 - 1,60; p = 0,056; I2 = 0%, com GRADE avaliado em moderado). Apesar deste resultado promissor, devido ao pequeno número de estudos, o intervalo de confiança foi grande e, sendo assim, a necrópsia utilizando Tomografia Computadorizada não pode ser considerada um substituto da necrópsia convencional. Em relação ao risco de viés, teve-se entre 5 e 6 respostas positivas para os estudos, classificando-os como qualidade moderada. Por fim, ressalta-se que apesar de não ser substituta, a necrópsia utilizando Tomografia Computadorizada deve ser considerada um excelente exame complementar à necrópsia convencional ampliando, assim, as informações obtidas no exame cadavérico.

According to a study carried out in 195 countries, in 1990 Brazil was in second place with the most homicides involving firearms, moving to leadership in 2016. Through secondary data used in the Global Burden of Disease (GBD) estimates, approximately 56% of homicides occurred in Brazil in 1990 used firearms and, in 2015, this percentage rose to almost 70%. Thus, with the intention of optimizing cadaveric examination responses for gunshot victims, this systematic review and meta-analysis was carried out with the aim of comparing the results of the anatomical region of the head and neck regarding the determination of entry and exit holes for bullets firearm, determination of the wound tracks and location of metallic fragments obtained in conventional necropsy with those from post-mortem Computed Tomography. The literature search was carried out in PubMed, Web of Science, Scopus, Embase, Google Scholar, Open Access Theses and Dissertations and the reference list of selected articles. There were no restrictions on languages or publication dates. To improve the quality of evidence, the risk of bias of individual studies was assessed by the Joanna Briggs Institute for cross-sectional analytical studies and the strength of evidence was carried out by the Grading of Recommendations Assessment, Development, and Evaluation (GRADE). Out of 704 articles found in the initial search, 7 were eligible for the study. Of these, 4 were for locating metal fragments, accounting for 117 victims, 6 for determining the wound track, accounting for 181 victims and 4 for detecting entry and exit holes, accounting for 97 victims. As a result, there was no statistically relevant difference between post-mortem Computed Tomography and conventional necropsy in the anatomical region of the head and neck for the entry and exit orifices and the path (RP 0.81, CI 95% 0.61 - 1.09; p = 1.62; I2 = 44.1% and PR 1.00, 95% CI 0.86 - 1.16; p = 0.180; I2 = 0%, respectively. In both the GRADE assessed was with very low strength of evidence). However, post-mortem Computed Tomography was 26% superior to conventional necropsy for detecting projectile fragments in the anatomical region of the head and neck (PR 1.26, 95% CI 0.99 - 1.60; p = 0.056; I2 = 0%, with GRADE rated at moderate). Despite this promising result, due to the small number of studies, the confidence interval was large and, therefore, necropsy using Computed Tomography cannot be considered a substitute for conventional necropsy. Regarding the risk of bias, there were between 5 and 6 positive responses to the studies, classifying them as moderate quality. Finally, it should be noted that despite not being a substitute, necropsy using Computed Tomography should be considered an excellent complementary examination to conventional necropsy, thus expanding the information obtained in the cadaveric examination.