Introdução: É de grande importância predizer se lactentes sibilantes serão escolares asmáticos. Para auxiliar na identificação precoce desses pacientes, foram desenvolvidos escores clínicos de asma, a exemplo do Asthma Predictive Index (API). No entanto, para avaliar a utilidade de tais escores no nosso meio, é necessária a sua aplicação em crianças brasileiras. Objetivo: No presente estudo avaliamos o desenvolvimento de asma na idade escolar em lactentes de Ribeirão Preto/SP que foram atendidos em serviço de emergência por apresentar episódio de chiado entre zero e dois anos de vida, e determinamos as propriedades discriminativas do API para predizer o desenvolvimento de asma nesse grupo de crianças. Métodos: Sessenta e uma de 76 crianças anteriormente atendidas em Serviço de Emergência por episódio de chiado entre 6-24m foram reavaliadas entre 8 e 12 anos e seus pais preencheram um questionário para avaliação de sintomas respiratórios. Destas, 52 foram submetidas a teste cutâneo de hipersensibilidade imediata para alérgenos de alimentos e inalantes e 48 realizaram espirometria e teste de broncoprovocação com metacolina. Foram consideradas asmáticas as crianças que tinham diagnostico médico de asma prévio ou pelo menos um dos seguintes sintomas nos últimos 12 meses: episódio de chiado, tosse durante exercício físico ou tosse seca sem resfriados, acompanhado de hiper-responsividade brônquica, detectado por broncoprovocação com metacolina com PC20<4mg/ml. API positivo (pelo menos um critério maior: diagnóstico médico de dermatite atópica ou asma em pelo menos 1 dos pais e/ou 2 dos 3 critérios menores: diagnóstico médico de rinite alérgica, sibilância fora de resfriado ou eosinofilia >4%) foi definido com base em informações coletadas quando as crianças tinham entre 2 e 4 anos de idade. Foram calculados sensibilidade, especificidade, valores preditivos, razões de verossimilhança e seus respectivos intervalos de confiança para o diagnóstico de asma entre 8 e 12 anos. Resultados: A média de idade das crianças quando da inclusão nesse estudo foi de 9 anos e 9 meses. Vinte das 48 crianças (41,7%) avaliadas na idade escolar foram diagnosticadas como asmáticas. Treze delas (65%) tinham API positivo entre 2 e 4 anos de idade. Das 28 crianças que não desenvolveram asma, apenas 9 (32,1%) tinham API positivo. A sensibilidade e especificidade do API foram, respectivamente, 65% (IC=40.8-84.6) e 67.9% (47.7-84.1). Os valores preditivos positivo e negativo e razões de verossimilhança positiva e negativa foram, respectivamente, 59,1 (IC=38,7-79,7); 73,1 (IC=53,9-86,3); 2,02 (IC=1,5-2,73) e 0,51 (IC=0,37-0,72). Conclusão: Quase metade dos lactentes que procuraram serviço de emergência por apresentar crise de chiado desenvolveram asma na idade escolar. O uso de parâmetros simples, como os incluídos no índice API, permitiu predizer de forma razoavelmente segura o desenvolvimento de asma nesse grupo de crianças.

Background: Knowing if wheezing babies will develop asthma at school age is very important. Different clinical scores, including the Asthma Predictive Index (API) were developed to identify those babies. However, in order to determine if the API is useful in our country, it is necessary to apply the API in Brazilian young children with wheezing episodes. Objective: In the present study, we have evaluated the development of asthma in 8-12 year-old-children after an index wheezing episode in infancy, and determined the discriminative properties of the API for the diagnosis of asthma in this group of children. Methods: Sixty one of 76 children who had been seen at the Emergency Room for an episode of wheezing in infancy (6-24m) were included and their parents completed a questionnaire on respiratory symptoms. 52 of them underwent skin prick testing to inhalant and food allergens and 48 of those performed methacholine challenge tests. Children were considered asthmatic if they presented previous physician-diagnosed asthma, or at least one of the following symptoms in the past 12 months: wheezing, cough or chest tightness with exercise, or dry cough without colds, accompanied by bronchial hyperresponsiveness, as detected by a PC20 <4mg/ml on methacholine challenge test. A positive API score (at least one major criteria: physician-diagnosed eczema or parental asthma; or 2 of 3 minor criteria: physician-diagnosed allergic rhinitis, wheezing without colds or peripheral eosinophilia ≥4%) was defined based on information collected when the children were between 2 and 4 years old. Sensitivity, specificity, predictive values, likelihood ratios and confidence intervals (CI) of the API index for the diagnosis of asthma at 8-ed12y were calculated. Results: Among the 48 children evaluated at school age, 20 (41.7%) were diagnosed with asthma; 13 of them (65%) had positive API index at the time of the index wheezing episode. Of the 28 wheezing babies that did not develop asthma at 9-11y, only 9 (32.1%) had positive API. Sensitivity and specificity of the API index were 65% (IC=40.8-84.6) and 67.9% (47.7-84.1), respectively. Positive and negative predictive values and positive and negative likelihood ratios were, respectively, 59,1 (IC=38,7-79,7); 73,1 (IC=53,9-86,3); 2,02 (IC=1,5-2,73) and 0,51 (IC=0,37-0,72). Conclusions: Nearly half of the wheezing infants seen in emergency units because of wheezing episodes will developed asthma at school age. Using simple parameters as proposed by the API index, the development of asthma could be reasonably predicted in this group of children.