O tratamento endodôntico de dentes decíduos é um procedimento complexo, que pode dificultar o controle do comportamento do paciente infantil. Portanto, um tratamento menos invasivo, rápido, mais confortável, mas mantendo a eficácia é importante. O objetivo desse estudo foi avaliar os desfechos centrados no paciente no tratamento endodôntico de molares decíduos com uma técnica de não instrumentação. O estudo se trata de um ensaio clínico randomizado (ECR) multicêntrico com dois anos de acompanhamento. Crianças de 3 a 9 anos com necessidade de tratamento endodôntico que foram em busca de tratamento odontológico nos 4 centros participantes foram alocadas aleatoriamente para um dos dois grupos: grupo de tratamento sem instrumentação e colocação de um medicamento contendo Cloranfenicol, Tetraciclina e Óxido de Zinco (CTZ) e um grupo controle com instrumentação manual e obturação com Óxido de Zinco e Eugenol (OZE). O desfecho primário é o sucesso clínico e radiográfico após 24 meses, em busca de tratamento nos quatro centros participantes, sendo calculada uma amostra de 218 crianças para uma hipótese de não inferioridade. No presente estudo, os desfechos comparados são desfechos secundários, que representam desfechos imediatos reportados pelo paciente ou por seus responsáveis. Desfechos relacionados ao impacto do tratamento na qualidade de vida das crianças por meio dos instrumentos Child Perceptions Questionnaire 8-10 (CPQ8-10) e Early Childhood Oral Health Impact Scale (ECOHIS), que foram respondidos pelas crianças e seus responsáveis, respectivamente, foram avaliados. O desconforto do paciente foi avaliado durante e imediatamente após o término no tratamento com a Escala de Frankl e Facial Image Scale. A ocorrência de dor pós-operatória após 48 horas foi avaliada por meio de telefonema ao responsável. Foi feita uma análise preliminar com 155 dentes, considerando um nível de significância de 5%. Como resultados principais, observou-se que ambos os grupos forneceram resultados semelhantes quanto à qualidade de vida, observado após uma semana do tratamento endodôntico. Também foi observado que, na dentição decídua, a não instrumentação influencia na média do tempo de tratamento, onde o tempo médio de tratamento é reduzido de 64 minutos para 36 minutos no grupo CTZ (p < 0,05). Por outro lado, a instrumentação não parece estar relacionada ao desconforto durante e após o tratamento, ou à ocorrência de dor pós-operatória. Em conclusão, a não instrumentação em molares decíduos oferece um tempo clínico significativamente menor quando comparado com a instrumentação convencional, sem causar um aumento significativo na dor pós-operatória, mudança na qualidade de vida e comportamento da criança.

Endodontic treatment of deciduous teeth is a complex procedure, which can make it difficult to control the behavior of the child patient. Therefore, a minimally invasive, fast, more comfortable treatment, while maintaining effectiveness, is important. The aim of this study was to evaluate patient reported outcomes in endodontic treatment of primary molars with a non-instrumentation technique. The study is a multicenter randomized clinical trial (RCT) with two years of follow-up. Children aged 3 to 9 years in need of endodontic treatment who sought dental treatment at the 4 participating centers were randomly allocated to one of two groups: treatment group without instrumentation and placement of a drug containing Chloramphenicol, Tetracycline and Zinc Oxide (CTZ) and a control group with manual instrumentation and obturation with Zinc Oxide and Eugenol (OZE). The primary outcome is clinical and radiographic success after 24 months in seeking treatment at the four participating centers, with a sample of 218 children being calculated for a non-inferiority hypothesis. In the present study, the outcomes compared were immediate outcomes reported by the patient or their guardians. Outcomes related to the impact of treatment on the quality of life of children through the Child Perceptions Questionnaire 8-10 (CPQ8-10) and Early Childhood Oral Health Impact Scale (ECOHIS) instruments, which were answered by the children and their guardians, respectively, were evaluated. The patient's discomfort was assessed during and immediately after the end of the treatment with the Frankl Scale and the Facial Image Scale. The occurrence of postoperative pain after 48 hours was assessed by calling the responsible person. A preliminary analysis was performed with 155 teeth, for a significance level of 5% with a two-tailed hypothesis. As main results, it was observed that both groups provided similar results regarding quality of life, observed after 1 week of endodontic treatment. It was also observed that, in the primary dentition, non-instrumentation influences the average treatment time, where the average treatment time is reduced from 64 minutes to 36 minutes in the CTZ group, a statistically significant difference. On the other hand, it does not seem to be related to the occurrence of postoperative pain, discomfort during and after treatment. In conclusion, non-instrumentation in deciduous molars offers a significantly shorter clinical time when compared to conventional instrumentation, without causing a significant increase in postoperative pain, change in the child's quality of life and behavior.