Um olhar para processos de criações artísticas híbridas entre música e artes plásticas que se inicia de forma individual, pelo prazer de se expressar livremente e explorar possibilidades criativas, e transborda para questões coletivas, reflexões, transformações, descobertas, encontrando ecos em tantas outras biografias que trilharam esse caminho comigo. Como as artes se relacionam, se afetam, constroem narrativas em tempo real, no jogo do improviso, na escuta, na presença. O outro me abre novas possibilidades ao mesmo tempo que espelha algo de mim. A criação artística é essa busca incessante por reconfigurar a realidade ou criar caminhos de fugas do sistema imposto, muitas vezes opressor. A arte diz mais por ela própria, à sua maneira, a partir de outras epistemologias muitas vezes desatreladas do pensamento puramente intelectual, conhecimento que chega pela porta dos sentidos e entra no corpo afeta, incomoda, conforta. Na devolutiva para o mundo, sou outra e sempre a mesma. Uma viagem autoetnográfica por rios não retificados de livre interpretação.

A glance at processes of hybrid artistic creation between music and visual arts, which begin individually out of the pleasure of expressing oneself freely and exploring creative possibilities, then spill over into collective issues, reflections, transformations, and discoveries, resonating with the biographies of so many others who have trodden this path with me. How the arts relate to each other, affect one another, and construct narratives in real-time, within the realm of improvisation, listening, and presence. The Other opens up new possibilities while also reflecting something of myself. Artistic creation is this relentless pursuit to reconfigure reality or create escape routes from the often oppressive system. Art speaks for itself in its own way, drawing from epistemologies often disconnected from purely intellectual thought, knowledge that enters through the senses and into the body affecting, disturbing, and comforting. In returning to the world, I am both different and always the same. It is an autoethnographic journey through unrectified rivers of free interpretation.