Esta tese busca identificar e compreender como se configura o jornalismo científico produzido pelas universidades públicas (federais e estaduais) brasileiras, principalmente considerando o legado deixado pela pandemia de covid-19. A pesquisa parte da hipótese de que: (a) a ciência é uma pauta caracterizada no jornalismo realizado nas universidades públicas, em especial a Universidade de São Paulo com o Jornal da USP, porque permite a ampliação do acesso à informação científica de qualidade dentro e fora da instituição e, (b) ao realizar esse tipo de jornalismo, as universidades públicas preenchem lacunas deixadas pela grande mídia na cobertura desse tema, contribuindo, assim, para a valorização da universidade, da ciência e do próprio jornalismo. Do ponto de vista metodológico, os procedimentos são: levantamento bibliográfico pertinente aos conceitos de Divulgação Científica e Jornalismo Científico, realização de entrevistas semiestruturadas com 12 universidades e 15 profissionais que ajudaram a compreender as características, a rotina produtiva, os conteúdos e para quem é feito o jornalismo científico produzido dentro dessas instituições e observação do Jornal da USP com a realização de visitas técnicas na redação do veículo. Como resultado, foi constatado um jornalismo menos apressado, mais consciente e com maior profundidade. O jornalismo científico produzido pelas universidades públicas assume uma postura política ideológica muito clara quando traz para si a defesa da ciência e tecnologia, da universidade, do jornalismo, dos direitos humanos e da cidadania. Essa prática tem ocupado as lacunas deixadas pela grande mídia na cobertura da pauta de ciências, pois faz parte da política editorial desses veículos permitir que seu conteúdo seja usado/reproduzido livremente, ampliando o acesso à informação científica dentro e fora das instituições. Além disso, há um reconhecimento tanto interno quanto externo a respeito do trabalho realizado pelo Jornal da USP na prática de um jornalismo científico de referência.

This thesis aims to identify and understand how the scientific journalism produced by Brazilian public universities (federal and state institutions) is configured, mainly considering the legacy left by the COVID-19 pandemic. The research is based on the hypothesis that: (a) science is a characteristic news story in journalism carried out by public universities, especially by the University of São Paulo with the Jornal da USP, because it allows the increase of access to scientific information of quality within and outside the institution and, (b) while doing this type of journalism, public universities fill the gaps left by the mainstream media in covering this topic, thus contributing to the appreciation of universities, science and journalism itself. From a methodological point of view, the procedures are: a bibliographical study of concepts of Science popularization and Scientific Journalism, carrying out semi-structured interviews with 12 universities and 15 professionals, who helped to understand the characteristics, the work routine, the contents, and the public of the scientific journalism produced within these institutions; and observation of Jornal da USP with technical visits to the newsroom of the publication. As a result, it was observed to be less hurried, more conscious, and with greater depth in reporting. Scientific journalism produced by public universities adopts a clear ideological political stand when it defends science and technology, universities, journalism, human rights, and citizenship. This practice has filled the gaps left by the mainstream media in covering science news stories, since it is part of the editorial policy of these publications to allow the use or reuse of their content freely, expanding access to scientific information inside and outside institutions. Furthermore, there is both internal and external acknowledgment of the work done by Jornal da USP as a reference in scientific journalism.