O presente trabalho teve como objetivo compreender como o processo de conscientização gerado por um projeto de letramento em ciência pode ser ferramenta de desnaturalização do desrespeito sofrido por jovens do ensino médio em escola pública na periferia de São Paulo. Utilizou-se para isso do aporte metodológico da investigação ação participativa (IAP). A pesquisa deu-se no período entre os anos de 2020 a 2022, que foram atravessados pela pandemia de COVID-19 e buscou-se, por meio da interação com jovens participantes de um projeto de iniciação científica do ensino médio (IC-EM) compreender como dão-se os processos de naturalização do desrespeito aos Direitos Humanos. O material da pesquisa foi colhido por meio da interação com os jovens participantes em reuniões semanais e atividades de formação realizadas nos anos já citados. A análise crítica ocorreu por meio do aporte teórico da teoria crítica da escola de Frankfurt e da análise histórica por meio das teorias pós-coloniais com a finalidade de compreender quais os efeitos dos processos coloniais e de dominação na compreensão do desrespeito dos jovens como fruto da participação no processo. Foi possível observar que após refletirem criticamente sobre suas realidades e de seus colegas, os alunos passaram a compreender de forma ativa situações de desrespeito que até o momento estavam naturalizadas. Frente a essa realidade, os jovens começaram, de forma autônoma a produzir saberes e a realizar ações na comunidade escolar contra as situações de desrespeitos identificadas. Então esta pesquisa propõe a reflexão sobre ações e alternativas educativas produzidas por e para jovens visando a desnaturalização do desrespeito.

The present work aimed to understand how the awareness process generated by a science literacy project can be a tool to denaturalize the disrespect suffered by high school students in public schools on the outskirts of São Paulo. For this, it used the methodological contribution of participatory action research (IAP). The research took place in the years 2020 to 2022, which were crossed by the COVID-19 pandemic and sought, through interaction with young participants in a high school scientific initiation project (IC-EM), to understand how the naturalization processes of the disrespect for human rights. The research material was collected through interaction with the young participants in weekly meetings and training activities carried out in the aforementioned years. The critical analysis took place through the theoretical contribution of the critical theory of the Frankfurt school and historical analysis through postcolonial theories in order to understand the effects of colonial processes and domination in understanding the disrespect of young people. as a result of participating in the process. It was possible to observe that after critically reflecting on their realities and that of their colleagues, students begin to actively understand situations of disrespect that until now were natural. Faced with this reality, young people autonomously produce knowledge and actions in the school community against disrespect, so this research proposes reflection on educational actions and alternatives produced by and for young people, aiming at denaturalizing disrespect.