Este trabalho de tese situa-se na Psicologia Política e na Ação Pública. Isto é, situa-se primeiramente num campo de estudos interdisciplinar das ciências sociais na relação de realidades e comportamento político, e em segundo lugar, no conjunto epistemológico de um espaço ampliado de participação social nas políticas públicas, isto é, numa relação, epistémicamente adequada para a análise de políticas públicas na ótica da ação pública (Silva, 2018ab, 2023; Godoy-Flores & Silva, 2023. A ação pública é uma expressão teleológica da ação da sociedade, onde o Estado -na concepção estruturalista da sociedade, segundo Bobbio (1989), é reposicionado para dar lugar a uma maior participação aos atores da sociedade civil. O abandono de uma lógica estadocentrista é, talvez, a principal característica da ação pública quando a diferenciamos das leituras hegemônicas sobre políticas públicas, estas consideradas aqui como instrumentos, meios, para as resolubilidades dos problemas definidos como públicos. Para tanto, esta tese baseia-se fundamentalmente no Modelo de Análise da Consciência Política (MACP) (Sandoval, 1994, 2001, 2015; Sandoval & Silva, 2016) que contém dimensões de análise provindas de variadas disciplinas das ciências sociais para entendimento sobre a participação em ações coletivas mediada pelas emoções e na analítica da sociologia do processo de objetivação/subjetivação da ação pública. O objetivo desta tese é propor um marco referencial que forneça uma abordagem que procure contribuir na compreensão do papel das emoções na interação com as dimensões cognitivas mediante a observação de um mecanismo causal explicativo (Elster, 1993, 2002). Nessa interação, os atores sociais e governamentais se encontram entre afetos e desafetos que geram estados de ânimo, sentimentos e emoções. Ao levar em conta as trocas entre os atores, os sentimentos e as emoções que eles transmitem, moldam as circunstâncias da gestão e da ação pública. As emoções tem um papel muito mais importante do que pensávamos no mecanismo de explicação de nossos juízos intuitivos e tomadas de decisão, principalmente ao pensar na relação bidirecional entre razão e emoção.

This thesis work is situated in Political Psychology and Public Action. In other words, it is situated firstly in an interdisciplinary field of study in the social sciences in relation to realities and political behaviour, and secondly, in the epistemological context of an expanded space for social participation in public policies, in other words, in a relationship that is epistemically appropriate for the analysis of public policies from the perspective of public action (Silva, 2018ab, 2023; Godoy-Flores & Silva, 2023). Public action is a teleological expression of society's action, where the state - in the structuralist conception of society, according to Bobbio (1989) - is repositioned to give way to greater participation by civil society actors. The abandonment of a state-centred logic is perhaps the main characteristic of public action when we differentiate it from hegemonic readings of public policies, which are considered here as instruments, means, for solving problems defined as public. To this end, this thesis is fundamentally based on the Model for Analysing Political Consciousness (MACP) (Sandoval, 1994, 2001, 2015; Sandoval & Silva, 2016), which contains dimensions of analysis from various social science disciplines to understand participation in collective actions mediated by emotions, and on sociology's analysis of the process of objectification/subjectification of public action. The aim of this thesis is to propose a framework that provides an approach that seeks to contribute to understanding the role of emotions in interaction with cognitive dimensions through the observation of an explanatory causal mechanism (Elster, 1993, 2002). In this interaction, social and governmental actors find themselves between affections and disaffection that generate moods, feelings and emotions. By taking into account the exchanges between actors, the feelings and emotions they convey shape the circumstances of management and public action. Emotions play a much more important role than we thought in explaining our intuitive judgements and decision-making, especially when we consider the two-way relationship between reason and emotion.