A avaliação visual infantil é geralmente feita através da técnica de olhar preferencial (PL), na qual um observador treinado registra fixações do olhar da criança a estímulos variando em alguma dimensão de interesse como contraste ou frequência espacial. Apesar da popularidade da técnica, ela apresenta algumas limitações, como a impossibilidade de tornar o observador cego à condição testada, a variabilidade entre exames realizados por diferentes observadores, e a falta de controle preciso sobre parâmetros do estímulo. O objetivo principal do presente trabalho é desenvolver uma solução de software para avaliação da acuidade visual (AV) de grades utilizando vídeooculografia. Crianças entre 336 meses passaram por avaliação da AV pelo procedimento proposto e pelo procedimento clássico de olhar preferencial dos Cartões de Acuidade de Teller (TACII). O paciente, acomodado no colo da mãe ou responsável, observa os estímulos no monitor de vídeo enquanto uma câmera registra seus movimentos oculares em tempo real. A tarefa proposta consiste na apresentação de um padrão gradeado de frequência espacial variável que aparece contra um fundo cinza, do lado esquerdo ou direito da tela, aleatoriamente, durante um segundo. Um total de 38 pacientes foram examinados com sucesso pelos dois procedimentos. O resultado do procedimento proposto se mostrou positivamente relacionado com o resultado do procedimento TACII ( = 0,25 p = 0,02). Uma relação positiva entre a idade do participante e o valor de AV medido pelo teste de vídeooculografia também foi constatada ( = 0,018 decremento na medida em logMAR por mês de idade p < 0.001). A diferença média do valor de AV medido pelos testes, entretanto, não foi nula, mas de 0,38 logMAR (IC = 0,270,48 logMAR t=7,11 p < 0.0001). Diferenças metodológicas como tempo de apresentação do estímulo e engajamento da criança com a tarefa podem explicar as discrepâncias. A despeito destas diferenças, foram encontradas relações positivas entre a idade dos participantes e o valor de AV medido, bem como entre os valores medidos com as duas técnicas, o que sugere que o teste consegue capturar a dinâmica de desenvolvimento da AV.

Infant visual assessment is usually performed through the preferential looking technique (PL), in which a trained observer records childrens fixations to stimuli varying in some relevant dimension such as contrast or spatial frequency. Despite the techniques popularity, it presents some limitations, such as not being possible to use blind observers, the variability between examinations from different observers, and the lack of precise control over parameters in stimulus presentation. The main objective of the present work is to develop a software solution to assess grating visual acuity (VA) using videooculography. Children aging between 336 monthsold underwent evaluation of their VA through the proposed procedure and the classical Teller Acuity Cards (TACII) preferential looking procedure. The proposed task consists of the presentation of a grating pattern of variable spatial frequency against a gray background at the left or right side of the screen, randomly, during one second. A total of 38 patients were evaluated successfully with both procedures. The result of the proposed procedure was positively correlated with the TACII procedure ( = 0.25 p = 0.02). A positive relationship between the patients age and the measured acuity value with the eye tracking test was also observed ( = 0.018 decrease in logMAR by month p < 0.001). The mean difference in acuity values measured by the procedures wasnt zero, but of 0.38 logMAR (CI = 0.270.48 logMAR t=7.11 p < 0.0001). Methodological differences such as stimulus presentation time and child engagement with the task might explain the discrepancies. Despite those differences, positive relationships between patient age and measured VA value, as well as between the values measured by both techniques, suggest the test is able to capture VA development dynamics