Introdução: Este estudo propõe uma metodologia para avaliar o limiar de dor à pressão (LDP) da enxaqueca, destacando a importância de medir o seu impacto e a correlação com os sintomas de depressão e ansiedade. Objetivo: Avaliar os limiares de dor à pressão (LDP) em indivíduos sem diagnóstico de enxaqueca, pacientes com enxaqueca episódica e crônica. Além, de investigar a influência da ansiedade e da depressão nesses limiares. Método: Utilizamos um desenho de estudo transversal com os grupos: indivíduos sem enxaqueca, com enxaqueca episódica e com enxaqueca crônica. Os LDPs em kilopascal (KPa) foram mensurados usando um algômetro digital nas áreas cefálicas (bilateralmente temporal, masseter, occipital e centralmente frontal e vertex). E para os parâmetros dos sintomas de depressão e ansiedade foram avaliados por meio de questionários padronizados - Patient Health Questionnare (PHQ-9) e Generalized Anxiety Disorder (GAD-7). Resultado: Os valores de LDPs (KPa) apresentaram diferenças significativas entre os grupos, com valores decrescentes de LDP (KPa) em pessoas sem enxaqueca, com enxaqueca episódica e com enxaqueca crônica, respectivamente, evidenciando a sensibilidade dolorosa aumentada nos pacientes com enxaqueca crônica. No grupo total, os escores de PHQ-9 e GAD-7 apresentaram diferenças entre os três grupos. Pessoas sem enxaqueca tiveram menor frequência de depressão comparada com pacientes com enxaqueca (episódica e crônica) (p<0,001). Também foi observado que indivíduos sem enxaqueca apresentaram ansiedade leve em 66,7% dos casos, enquanto no grupo de enxaqueca episódica e crônica essas porcentagens foram de 33,3% e 20% respectivamente (p<0,001). Dos pacientes com enxaqueca crônica, 24,4% deles apresentaram sintomas maiores de depressão comparados com aqueles com enxaqueca episódica (19,3%) e sem enxaqueca (2,1%) (p<0,001). Na análise separada por grupo de estudo, não se encontrou correlação entre estas variáveis no grupo sem enxaqueca e enxaqueca episódica. Já, no grupo de enxaqueca crônica, o PHQ-9 e GAD-7 apresentaram correlação de fraca à moderada no LDP do masseter, assim como no LDP do vertex somente com o PHQ-9. Conclusão: A pesquisa evidencia uma complexa relação entre sensibilidade dolorosa, enxaqueca e sintomas de depressão e ansiedade, onde a enxaqueca crônica parece estar associada a uma sensibilização central e periférica, modificando a percepção da dor e possível influência dos sintomas de ansiedade e depressão, com maior atuação da depressão. Os resultados enfatizam a importância da algometria para identificar alterações na sensibilidade dolorosa relacionadas ao ciclo da enxaqueca e enfatiza a necessidade de futuras investigações, particularmente estudos longitudinais, para elucidar as relações observadas

Introduction: This study proposes a methodology for assessing the pressure pain threshold (PPT) in migraine, highlighting the importance of measuring its impact and the correlation with symptoms of depression and anxiety. Objective: To evaluate the pressure pain threshold (PPT) in individuals without a migraine diagnosis, patients with episodic and chronic migraine. Additionally, to investigate the influence of anxiety and depression on these thresholds. Method: We utilized a cross-sectional study design with groups: individuals without migraine, with episodic migraine, and with chronic migraine. The PPTs in kilopascals (KPa) were measured using a digital algometer in cephalic areas (bilateral temporal, masseter, occipital, and centrally frontal and vertex). The parameters for depression and anxiety symptoms were assessed through standardized questionnaires - Patient Health Questionnaire (PHQ-9) and Generalized Anxiety Disorder (GAD-7). Results: The PPT values (KPa) showed different measurements among the groups, with decreasing PPT (KPa) values in people without migraine, with episodic migraine, and with chronic migraine, respectively, demonstrating increased pain sensitivity in patients with chronic migraine. In the total group, the PHQ-9 and GAD-7 scores showed differences among the three groups. People without migraine had a lower frequency of depression compared with patients with migraine (episodic and chronic) (p<0.001). It was also observed that individuals without migraine presented with mild anxiety in 66.7% of the cases, while in the episodic and chronic migraine groups, these percentages were 33.3% and 20% respectively (p<0.001). Of the patients with chronic migraine, 24.4% of them showed higher symptoms of depression compared with those with episodic migraine (19.3%) and without migraine (2.1%) (p<0.001). In the separate analysis by study group, no correlation was found between these variables in the group without migraine and episodic migraine. However, in the chronic migraine group, the PHQ-9 and GAD-7 showed a weak to moderate correlation in the masseter's PPT, as well as in the vertex's PPT only with the PHQ-9. Conclusion: The research highlights a complex relationship between pain sensitivity, migraine, and symptoms of depression and anxiety, where chronic migraine appears to be associated with central and peripheral sensitization, altering pain perception and the possible influence of anxiety and depression symptoms, with a greater role of depression. The results emphasize the importance of algometry in identifying changes in pain sensitivity related to the migraine cycle and highlight the need for future investigations, particularly longitudinal studies, to elucidate the observed relationships