Introdução: O esvaziamento cervical com acesso por via retroauricular emergiu como uma alternativa à modalidade convencional, visando manter a eficácia terapêutica, porém, com menor morbidade pós-operatória. Não se sabe ainda a diferença entre essas modalidades quanto aos aspectos funcionais e qualidade de vida. Objetivo: avaliar os aspectos anatômicos, funcionais e a qualidade de vida em pacientes submetidos ao esvaziamento cervical unilateral por via convencional ou retroauricular (endoscópica ou robótica). Material e Método: Estudo de coorte prospectivo multicêntrico, conduzido no A. C. Camargo Cancer Center e no Instituto do Câncer do Estado de São Paulo (ICESP) no qual foram incluídos 29 pacientes submetidos a esvaziamento cervical unilateral, sendo 19 pela modalidade convencional (Grupo Convencional-GC) e 10 por via retroauricular (Grupo Retroauricular-GR). Os pacientes foram avaliados no pré-operatório e no 30º, 180º e 360º dias de pós-operatório (PO) quanto a amplitude de movimento (ADM) da coluna cervical e do ombro (goniometria), força muscular do trapézio (teste de resistência manual), sensibilidade da face e do pescoço (estesiometria) e qualidade de vida (questionário de qualidade de vida da Universidade de Washington UWQOL). Resultados: Os grupos Convencional e Retroauricular foram semelhantes quanto às variáveis antropométricas, clínicas e cirúrgicas. A média de idade de ambos os grupos esteve entre 52 e 55 anos. Com relação ao gênero, houve predomínio do sexo feminino no GC (58%) e do sexo masculino no GR (70%); p=0,08. O sítio mais acometido foi o rebordo alveolar no GC e a tireoide no GR (p=0,02) e os níveis linfonodais mais frequentemente ressecados foram I-III em ambos os grupos (p=0,90). Houve diferença quanto à incidência de complicações pós-operatórias (GC: 4 pacientes e GR: 0; p=0,03) e ao tempo de internação hospitalar (GC: 4 (1-22) dias e GR: 2 (1-6) dias; p<0,01). Não foram encontradas diferenças significativas entre os grupos quanto à dor ao longo do estudo. Quanto à amplitude de movimento da coluna cervical, esse foi melhor no GR para os movimentos de extensão no 30º, 180º e 360º PO; lateroflexão homolateral no 30º e 180º PO; lateroflexão contralateral no 180º PO e rotação contralateral no 180º PO (p<0,05). Não foram encontradas diferenças significativas quanto à ADM do ombro. Com relação à força muscular de trapézio, foram encontrados valores inferiores no GC na porção superior no 30º e 180º PO (p<0,01) e nas porções média e inferior no 30º PO (p=0,01). A sensibilidade cutânea foi mais afetada no GC nos dermatômeros: Orelha Inferior no 180º PO, Face Inferior e Posterosuperior de pescoço no 30º PO (p<0,05). A Qualidade de Vida foi mais impactada no GC nos domínios Atividade e Recreação no 180º PO; Deglutição no 180º e 360º PO; Paladar no 30º PO; Mastigação e Ombro no 30º, 180 e 360º PO e na composição Dimensão Física no 30º, 180 e 360º PO (p<0,05). Conclusões: A morbidade pós-operatória foi menor nos pacientes submetidos ao esvaziamento cervical por via retroauricular. Quanto à funcionalidade, a amplitude de movimento da coluna cervical e a força muscular do trapézio foram melhores nos pacientes submetidos ao esvaziamento via retroauricular. A sensibilidade cutânea da face e do pescoço e a qualidade de vida pós-operatória foram piores nos pacientes submetidos à modalidade convencional

Introduction: Neck dissection performed by retroauricular approach emerged as an alternative to the conventional modality, aiming to maintain therapeutic efficacy, however, with lower postoperative morbidity. The difference between these modalities in terms of functional aspects and quality of life remains nuclear. Prupose: to evaluate the anatomical and functional aspects and the quality of life in patients undergoing unilateral neck dissection via conventional or retroauricular (endoscopic or robotic) access. Methods: Multicentric prospective cohort, conducted at the A.C. Camargo Cancer Center and in the Cancer Institute of the State of São Paulo (ICESP) in which 29 patients undergoing unilateral neck dissection were included, 19 submitted the conventional modality (Conventional Group - CG) and 10 to the retroauricular approach (Retroauricular Group - RG). Patients were evaluated preoperatively and on the 30th, 180th and 360th postoperative days (PD) days regarding range of motion (ROM) of the cervical spine and shoulder (goniometry), trapezius muscle strength (manual resistance test), sensitivity of the face and neck (esthesiometry) and quality of life (Wahsington University quality of life questionnaire UWQOL). Results: The Conventional and Retroauricular groups were similar in terms of anthropometric, clinical and surgical variables. The average age of both groups was between 52 and 55 years old. Regarding gender, there was a predominance of females in the CG (58%) and males in the RG (70%); p=0.08. The most affected site was the alveolar ridge in the CG and the thyroid in the RG (p=0.02) and the most removed level was I-III in both groups (p=0.90). There was a difference regarding the incidence of postoperative complications (CG: 4 patients and RG: 0; p=0.03) and the length of hospital stay (CG: 4 (1-22) days and RG: 2 (1-6 ) days; p<0.01). No significant differences were found between the groups regarding pain throughout the study. Regarding the range of movement of the cervical spine, it was better in RG for neck extension at 30th, 180th and 360th PD; ipsilateral lateroflexion at 30th and 180th PD; contralateral lateroflexion at 180th PD and contralateral rotation at 180th PD (p<0.05). No significant differences were found regarding shoulder ROM. Regarding trapezius muscle strength, lower values were found in the CG in the upper portion on the 30th and 180th PD (p<0.01) and in the middle and lower portions on the 30th PD (p=0.01). Skin sensitivity was more affected in the CG in the dermatomes: Lower Ear on the 180th PD, Lower Face and Posterosuperior Neck on the 30th PD (p<0.05). Quality of Life was most impacted in the CG in the Activity and Recreation domains in the 180th PD; Swallowing on the 180th and 360th PD; Taste at 30th PD; Chewing and Shoulder at the 30th, 180 and 360th PD and in the Physical Dimension composition at the 30th, 180 and 360th PD (p<0.05). Conclusions: Postoperative morbidity was lower in patients undergoing retroauricular neck dissection. Regarding functionality, the range of motion of the cervical spine and trapezius muscle strength were better in patients undergoing retroauricular approach. Skin sensitivity of the face and neck and postoperative quality of life were worse in patients undergoing the conventional modality