Objetivo. Analisar a exposição ocupacional à sílica no Brasil entre 1985 e 2001 por meio de matriz de exposição ocupacional (MEO). Métodos. Especialistas estimaram a exposição à sílica em quatro categorias segundo a freqüência na jornada semanal de trabalho: não expostos (NE), exposições abaixo de 1%; possivelmente expostos (PsE), entre 1 e 5%; provavelmente expostos (PrE), entre 5 e 30%; e definitivamente expostos (DE), exposições acima de 30010 da jornada semanal. A MEO, construída a partir da intersecção de 347 grupos ocupacionais e 25 setores econômicos, foi validada e, posteriormente, superposta ao número de trabalhadores descrito na base de dados Relatório Anual de Informações Sociais no período de 1985 a 2001. Para cada ano foi calculada a prevalência da exposição por sexo, setor econômico e região geográfica. A tendência da série histórica foi analisada por regressão linear simples. Resultados. A validação da MEO apresentou concordância geral acima de 64%, com Kappa variando de bom a regular, exceto para indústria têxtil, e especificidade acima de 85%. Em média, 14,4% dos trabalhadores ocupados estavam expostos a algum nível de sílica na jornada de trabalho. Na categoria DE os homens apresentaram prevalência média de 9,1% com tendência à estabilidade e as mulheres 0,6% com tendência à redução. Os trabalhadores DE concentraram-se em sete setores econômicos. Destacando-se a construção civil, que apresentou tendência crescente da prevalência de exposição em ambos os sexos, com incremento particularmente significativo na força de trabalho feminino. Ao contrário, os setores de extração mineral, metalurgia e indústria da borracha apresentaram redução da prevalência. Conclusões. A MEO desenvolvida neste trabalho apresentou boa concordância e alta especificidade. Como tendência geral, considerando-se todos os setores, houve redução do número de trabalhadores na categoria definitivamente expostos, porém na categoria provavelmente expostos a tendência foi crescente em todas as regiões.

Objective. To analyze the occupational exposure to silica in Brazil from 1985 to 2001 by a job-exposure matrix (JEM). Methods. Experts in hygiene and epidemiology classified the silica exposure in four categories according to the weekly frequency: no exposed (NE), exposures below 1% of the weekly day of work; possibly exposed (PsE), between 1 and 5%; probably exposed (PrE), between 5 and 30%; and definitively exposed (DE), above 30%. JEM was developed relating 347 occupational groups to 25 economical sectors. It was validated and applied to the number of workers in the database Annual Report of Social Information, from 1985 to 2001. For every year it was calculated the prevalence of exposure according sex, economic sectors and geographical area. The time trend was analyzed by linear regression. Results. The validation of JEM showed general agreement over 64% and the Kappa varied from good to regular, except for textiles, and specificity over 85%. On average, 14.4% of the employees were exposed to some level of silica in the workday. Males in the category DE presented medium prevalence of 9.1%, with trend to stability; in females the medium prevalence was 0.6%, with decreasing trend. Workers DE were concentrated on seven economical sectors. Need mention the construction sector, with growing exposure prevalence trends in both sexes, particularly important in female workforce. Differently, in the sectors of mining, metallurgy, and rubber manufacture the exposure prevalence dropped in both sexes. Conclusions. The JEM developed presented good agreement and high specificity. The trend of workers definitively exposed was of reduction, but the category probably exposed presented growing prevalence exposure trend in all regions of the country.