O número de pessoas afetadas pela fome globalmente subiu para 828 milhões em 2021. No Brasil são 125,2 milhões de pessoas residentes em domicílios em situação de Insegurança Alimentar, e mais de 33 milhões de brasileiros em situação de fome (Insegurança Alimentar grave). Insegurança alimentar e nutricional está relacionada a problemas nutricionais e de saúde, entretanto poucos estudos a relacionam com saúde mental. O objetivo estabelecido foi: analisar a associação de segurança alimentar com sintomas de depressão, ansiedade e estresse. Foi realizado um estudo transversal com amostra por conveniência de 248 pessoas, com idade entre 18 a 59 anos. A coleta de dados foi realizada por um questionário online elaborado com perguntas divididas em módulos: Dados Socioeconômicos, Humor (DASS-21) e Escala Brasileira de Insegurança Alimentar. Foi realizado o teste de Qui quadrado de independência seguido pelo V de Cramer para avaliar a associação das características sociodemográficas, níveis de depressão, ansiedade, estresse e a insegurança alimentar. A regressão logística multinominal foi realizada para avaliar a influência da insegurança alimentar sobre a presença de sintomas de depressão, ansiedade e estresse. Foi utilizado o R² de Nagelkerke para a comparação dos diferentes modelos. Para as análises estatísticas foi utilizado o software SPSS SPSS (Statistical Package for the Social Sciences) versão 20.0. Os resultados do teste Qui-quadrado demonstraram uma relação estatisticamente significativa entre a insegurança alimentar e a presença de sintomas de transtornos mentais (p < 0,05). Além disso, o coeficiente V de Cramer revela uma associação moderada a forte entre a insegurança alimentar e os níveis mais graves desses transtornos mentais. Os resultados sugerem que a insegurança alimentar está associada ao aumento de sintomas de depressão, ansiedade e estresse. A relação entre segurança alimentar e saúde mental é complexa e multifatorial. A criação de sistemas robustos para avaliação da insegurança alimentar e da saúde mental é importante para compreender de forma mais abrangente sua associação, e assim possibilitar a implementação de intervenções mais eficazes para lidar com seus impactos. A piora na crise econômica e o aumento das desigualdades sociais reforçam a necessidade de abordar a segurança alimentar e os transtornos mentais de forma integrada, reconhecendo as complexidades dessa relação e promovendo políticas e programas que garantam o acesso a alimentos saudáveis e o apoio à saúde mental.

The number of people affected by global hunger has increased to 828 million in 2021. In Brazil, there are 125.2 million people living in households experiencing food insecurity, with over 33 million Brazilians facing severe food insecurity. While food and nutritional insecurity are linked to nutritional and health problems, few studies have explored their connection to mental health. The objective was to analyze the association between food security and symptoms of depression, anxiety, and stress. A cross-sectional study was conducted with a convenience sample of 248 individuals aged 18 to 59 years. Data collection was carried out through an online questionnaire divided into modules: Socioeconomic Data, Mood (DASS-21), and the Brazilian Food Insecurity Scale. Chi-squared test of independence followed by Cramer's V was performed to assess the association between sociodemographic characteristics, levels of depression, anxiety, stress, and food insecurity. Multinomial logistic regression was conducted to evaluate the influence of food insecurity on the levels of depression, anxiety, and stress. Nagelkerke's R² was used for model comparison. Statistical analysis was performed using SPSS (Statistical Package for the Social Sciences) version 20.0. The results of the chi-squared test showed a statistically significant relationship between food insecurity and the severity of mental disorders (p < 0.05). Furthermore, Cramer's V coefficient revealed a moderate to strong association between food insecurity and higher levels of these severe mental disorders. The findings suggest that food insecurity is associated with more severe levels of depression, anxiety, and stress. The relationship between food security and mental health is complex and multifactorial. Developing robust systems for assessing food insecurity and mental health is crucial to comprehensively understand their association and facilitate the implementation of more effective interventions to address their impacts. The worsening economic crisis and increasing social inequalities underscore the need to address food security and mental disorders in an integrated manner. It is essential to recognize the complexities of this relationship and promote policies and programs in order to ensure access to healthy foods and support mental health.