Indivíduos com fissura labiopalatina (FLP) podem apresentar diversas alterações na comunicação, incluindo alterações da produção e percepção da fala. As alterações de fala mais características estão relacionadas tanto à disfunção tubária (DT) quanto à disfunção velofaríngea (DVF). A DT tem como consequência o acúmulo de fluído e otite média secretora impactando diretamente na percepção dos sons. A DVF tem como consequência a hipernasalidade, o escape de ar nasal e a fraca pressão intraoral impactando diretamente na produção dos sons. Uma característica secundária ao escape de ar nasal e consequente fraca pressão intraoral é o uso de ponto articulatório atípico em substituição ao ponto articulatório oral (Articulações Compensatórias-ACs). Uma vez estabelecido pelo bebê esse padrão atípico de produção de sons (ACs) compromete a inteligibilidade de fala além de ser resistente à fonoterapia. Um melhor entendimento sobre a percepção de fala em indivíduos que fazem uso de ACs, portanto, é importante tanto para a prevenção dessa alteração quanto para o estabelecimento da melhor estratégia fonoterapêutica para sua correção. Este trabalho teve como objetivo descrever e comparar a habilidade de identificação de contrastes fonológicos (na fala do outro e na própria fala) de um falante com DVF, pré e pós tratamento para correção de ACs. O teste PERCEFAL, (que possibilita avaliar a identificação de contrastes fonológicos por meio de uma tarefa de reconhecimento de palavras apresentadas em pares mínimos), foi conduzido nas condições pré e pós Fonoterapia usando-se os subtestes que avaliam a identificação do contraste fonológico entre oclusivas 30 pares (PERCocl) e entre fricativas 42 pares (PERCfric). Observou-se que ao comparar a condição pré-terapia (presença de ACs) com a condição pós-terapia (ausência de ACs), o paciente apresentou melhora na identificação de pares mínimos de 33% e de 28% para os sons oclusivos e fricativos, após correção da oclusiva glotal e fricativa faríngea,10 respectivamente. Conclui-se que houve melhora na percepção da fala do outro e da própria fala após a correção das ACs sugerindo o impacto da produção na percepção dos sons.

Individuals with cleft lip and palate (CLP) may have changes in communication related to tubal dysfunction (TD) and velopharyngeal dysfunction (DVF). DT results in the accumulation of fluid and secretory otitis media, directly impacting the perception of sounds. VPD results in hypernasality, nasal air leakage, and weak intraoral pressure. A secondary feature is the use of an atypical articulation point (Compensatory Articulations-ACs) in place of the oral articulation point. Once established, CAs compromise speech intelligibility and are resistant to speech therapy. A better understanding of speech perception in individuals who use ACs is important to prevent this alteration and establish the best therapy strategy for its correction. Objective: to describe and compare the ability to identify phonological contrasts (in the other's speech and in one's own speech) of a speaker with VPD, before and after speech therapy. Methods: The PERCEFAL test was conducted in pre and post-speech therapy conditions using the subtests that assess the identification of phonological contrast between 30 pairs of stops (PERCocl) and between 42 pairs of fricatives (PERCfric). Result: When comparing the pre-therapy condition (with ACs) with the post-therapy condition (without ACs), the patient showed improvement in the identification of minimal pairs of 33% and 28% for occlusive and fricative sounds, after correction of the glottal stop and pharyngeal fricative, respectively. Conclusion: There was an improvement in the perception of the other's speech and one's own speech after correcting the ACs, suggesting the impact of production on the perception.