Dissertação de Mestrado
DOI
https://doi.org/10.11606/D.7.2019.tde-20052019-155520
Documento
Autor
Nome completo
Luíza Carraschi de Oliveira
E-mail
Unidade da USP
Área do Conhecimento
Data de Defesa
Imprenta
São Paulo, 2018
Orientador
Banca examinadora
Soares, Cassia Baldini (Presidente)
Campos, Célia Maria Sivalli
Cordeiro, Luciana
Vecchia, Marcelo Dalla
Título em português
Práticas emancipatórias na área de drogas: construção coletiva com trabalhadores da atenção primária em saúde
Palavras-chave em português
Atenção Primária à Saúde
Educação em drogas
Enfermagem
Pesquisa Qualitativa
Políticas Públicas de Saúde
Redução de danos
Usuários de drogas
Resumo em português
Introdução O objeto deste trabalho são as práticas da atenção primária à saúde na área de drogas. Apesar de diversas mudanças dos últimos anos e a introdução de práticas de redução de danos, persistem práticas baseadas em senso comum e relacionadas à abordagem da guerra às drogas, com trabalhadores apresentando dificuldades de abordar o tema, além de medos e preconceitos. Constata-se assim a necessidade de desenvolvimento de crítica e de implementação de práticas científicas, tanto informadas por evidências quanto pautadas em referenciais que valorizem o potencial humano nas relações sociais. Considerações teóricas O estudo baseia-se no materialismo histórico e dialético, que explica o consumo contemporâneo de drogas pela mercadorização da droga, e que propõe a educação emancipatória como mecanismo para alcançar a crítica social. Objetivos O objetivo geral é recomendar diretrizes e estratégias para a construção de práticas emancipatórias na área de drogas, a serem implementadas na atenção primária em saúde, fundamentadas em evidências científicas. Procedimentos metodológicos Pesquisa qualitativa, que utilizou a metodologia da pesquisa-ação, na vertente emancipatória. As oficinas emancipatórias foram desenvolvidas na Supervisão Técnica de Saúde Vila Prudente/Sapopemba da cidade de São Paulo. O processo contou com a participação de 17 trabalhadores da atenção primária à saúde, dentre os quais enfermeiros, psicólogos, terapeutas ocupacionais, dentista e assistente sociais. Cerca de metade deles atua como gestor de unidades básicas de saúde organizadas ou não pela Estratégia Saúde da Família. Resultados Treze oficinas foram realizadas, abordando os seguintes temas: origem dos problemas sociais existentes no território de atuação; questões sociais que envolvem o consumo de droga; limitações e contradições das diretrizes, políticas públicas e práticas em saúde na área de drogas; finalidade do trabalho da Estratégia Saúde da Família e das unidades de saúde tradicionais; instrumentalização dos trabalhadores para implementação de evidências, a partir da crítica da saúde coletiva. Elaborou-se a proposição de quatro projetos de implementação intersetoriais baseados em evidências científicas e nas discussões críticas de práticas da saúde pública higienistas e patologizantes. Discussão Os projetos possibilitaram identificar as necessidades em saúde que estão na base do consumo problemático de drogas como: ausência de sociabilidade, e de espaços de lazer e cultura nos territórios; limitações e contradições das diretrizes governamentais, políticas públicas e práticas em saúde; ausência de rede de suporte social no território, entre outras. Os projetos primaram por garantir a criação de espaços crítico-políticos para o fortalecimento dos envolvidos nas ações. Conclusão As oficinas emancipatórias possibilitaram aos trabalhadores se localizarem no processo de produção em saúde e se apropriarem das contradições dos processos de trabalho que se desenvolvem nos serviços em que atuam. Consequentemente, mostraram-se fortalecidos para engajar-se na elaboração de planos de trabalho de identificação de necessidades em saúde do território, bem como para construir e implementar ferramentas para responder a essas necessidades. Foi fundamental nesse processo compreender que o problema das drogas é parte da questão social e que a atuação do setor saúde envolve ferramentas que vão além das práticas clínicas e das proposições preventivistas da saúde pública, em torno de mudanças de comportamento e autonomia individual.
Título em inglês
Emancipatory practices in the area of drugs: collective construction with primary health care workers
Palavras-chave em inglês
Drug education
Drug users
Harm reduction
Nursing
Primary Health Care
Public Health Policies
Qualitative research
Resumo em inglês
Introduction The object/subject matter of this work is the practices of primary health care in the area of drugs. Despite a number of changes in recent years and the introduction of harm reduction practices, common-sense practices related to the drug war approach persist, with workers experiencing difficulties in addressing the issue, as well as fears and prejudices. Thus, it is necessary to develop a critique and implementation of scientific practices, both informed by evidence and based on references that value human potential in social relations. Theoretical considerations The study is based on historical and dialectical materialism, which explains the contemporary consumption of drugs by the commodification of drugs, and which proposes emancipatory education as a mechanism to achieve social criticism. Objectives The general objective is to recommend guidelines and strategies for the construction of emancipatory practices in the area of drugs, to be implemented in primary health care, based on scientific evidence. Methodological procedures It is a qualitative research, which used the methodology of action research, in the emancipatory approach. The emancipatory workshops were developed at the Vila Prudente / Sapopemba Technical Health Supervision of the city of São Paulo. The process involved the participation of 17 primary health care workers, including nurses, psychologists, occupational therapists, dentists and social workers. About half of them work as a manager of basic health units organized or not by the Family Health Strategy. Results Thirteen workshops were held, addressing the following themes: origin of social problems in the area of action; social issues involving drug use; limitations and contradictions of drug policies, public policies and health practices; purpose of the work of the Family Health Strategy and the traditional health units; instrumentalization of workers to implement evidence, based on collective health criticism. Four intersectoral implementation projects based on scientific evidence and critical discussions of the hygienic and pathological public health practices were developed. Discussion The process made it possible to identify the health needs that are the basis of problematic drug use, such as: lack of sociability, leisure and culture spaces in the territories; limitations and contradictions of governmental guidelines, public policies and health practices; absence of a social support network in the territory, among others. The projects focused on ensuring the creation of critical-political spaces for the strengthening of those involved in the actions. Conclusion The emancipatory workshops enabled the workers to locate themselves in the process of production in health and to understand the contradictions of the work processes that are developed in the health services in which they work. Therefore, they were strengthened to engage in the elaboration of work plans to identify health needs of the territory, as well as to build and implement tools to respond to those needs. It was fundamental in this process to understand that the drug problem is part of the social issue and that the health sectors performance involves tools that go beyond clinical practices and preventivist public health propositions around behavioral changes and individual autonomy.
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Data de Publicação
2019-06-27