O sistema de educação superior brasileiro se expandiu e se diversificou intensamente desde a década de 1990, incorporando novos perfis de estudantes. Cursos vocacionais e acadêmicos, presenciais e a distância, são hoje ofertados em instituições públicas e privadas. Após os anos 2000, políticas de ações afirmativas, no segmento público, e de bolsas e de crédito estudantil, no segmento privado, permitiram o acesso de indivíduos com origens sociais desfavorecidas em todo o sistema. Apesar dessas características inclusivas da expansão recente, o acesso e a permanência na educação superior brasileira ainda são marcados por profundas desigualdades sociais. Essas desigualdades ocorrem dentro e fora do sistema de ensino, tanto nas probabilidades de acesso e permanência nos cursos de graduação, quanto após a sua conclusão, nas ocupações e salários que os egressos obtêm no mercado de trabalho. O objetivo principal desta tese é contribuir para compreensão de como as desigualdades existentes entre os cursos e instituições de ensino superior alteram as trajetórias educacionais e ocupacionais dos estudantes de graduação brasileiros de diferentes origens sociais. Para alcançar esse objetivo são analisadas diversas bases de dados produzidas pelo Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira (Inep) e pelo Ministério do Trabalho e Previdência (MTP). Esses dados permitem acompanhar os estudantes de graduação brasileiros desde seu ingresso na educação superior até sua trajetória posterior no mercado de trabalho formal. Possibilitam também caracterizar os cursos e instituições de educação superior, identificando como a influência dessas características contribuem para mediar o efeito das origens sociais dos estudantes sobre as probabilidades de permanência e conclusão nos cursos de graduação, e, posteriormente, sua colocação no mercado de trabalho.

The Brazilian higher education system has expanded and diversified intensively since the 1990s, incorporating new student profiles. Vocational and academic courses, traditional and online programs, are offered in public and private institutions. After the 2000s, affirmative action policies, in the public sector, and scholarships and student credit, in the private sector, allowed the access of individuals with disadvantaged social origins. Despite these inclusive features of recent expansion, access to and permanence in the Brazilian higher education is still marked by profound social inequalities. These inequalities occur inside and outside the education system, both in the probabilities of access and permanence in undergraduate courses, as well as, after graduation, in occupations and wages that graduates obtain in the labor market. The main goal of this dissertation is to contribute to the understanding of how existing inequalities between courses and institutions of higher education influence the educational and occupational trajectories of Brazilian students from different social backgrounds. To achieve this goal, several datasets produced by the Brazilian National Institute of Educational Research (Inep) and by the Ministry of Labor and Welfare (MTP) are analyzed. These datasets allow us to follow Brazilian undergraduate students from their first year in undergraduate courses to their subsequent trajectory in the formal job market. They also make it possible to characterize higher education courses and institutions, identifying how the influence of these characteristics contribute to mediate the effect of students' social origins on the probabilities of permanence and completion in undergraduate courses, and, subsequently, their placement in the formal job market.