De 1972 a 1982, funcionou na Universidade de São Paulo um organismo denominado Assessoria Especial de Segurança e Informação (AESI), destinado a exercer atividades de controle político e ideológico junto à Reitoria. Apesar de tais dispositivos terem como alvo as repartições federais, o reitor Miguel Reale determinou a formalização de uma AESI no campus, em consonância com as diretrizes do Serviço Nacional de Informações (SNI). Essa assessoria exerceu o monitoramento das reuniões ocorridas nas dependências da universidade, o controle das publicações ali distribuídas. Tinham, ainda, a incumbência de interferir nos processos de contratação de funcionários e docentes, nos de concessão de bolsas a estudantes, prestando contas de tudo ao SNI, instância superior na rede de informações do regime. Tais atividades geraram, ao longo desses dez anos de funcionamento, um grande volume de documentos que, segundo declarações do chefe de gabinete do reitor Antônio Hélio Guerra Vieira, foram queimados em 1982. Graças ao caráter especular, típico do modo de relacionamento das instituições que mantinham essa correspondência, foi possível rastrear parcela significativa do material expedido pela AESI ou a ela remetido e resgatar documentos que viabilizaram as diferentes modalidades de comunicação entre a AESI-USP e os órgãos de segurança e informações. Nosso objetivo foi reunir, na medida do possível, essas correspondências e gerar uma ferramenta de busca para futuros pesquisadores da área.

From 1972 to 1982, an entity called the Special Advisory for Security and Information (AESI) operated at the University of São Paulo within the university administration (Reitoria), which was designed to exercise political and ideological control over activities at the University. Despite the fact that these activities targeted federal institutions, Dean Miguel Reale decided to formally establish an AESI on campus in line with the guidelines of the National Information Service (SNI). The AESI-USP monitored meetings that took place on the university's premises and controlled publications distributed there. It was also responsible for interfering in the processes of hiring employees and professors and granting scholarships to students, reporting everything to the SNI, the highest level in the regime's intelligence network. Over the course of the ten years in which it operated, AESI-SP's activities generated a large volume of documents that were burned in 1982, according to statements by the chief of staff of Rector (university president) Antônio Hélio Guerra Vieira. Given its special nature, which was typical of the functioning of such agencies that corresponded with other government entities, it was possible to track down a significant portion of the material sent to or received by the AESI and retrieve these documents that permitted different forms of communication between AESI-USP and the security and intelligence agencies. Our objective was to gather, as far as possible, these correspondences and generate a search tool for future researchers in the area.