O objetivo deste trabalho é analisar a jornada da viajante colombiana Soledad Acosta de Samper, como convidada das ditas "comemorações" do IV Centenário de Conquista da América, empreendidas pela Coroa Espanhola, em 1892. Reconhecida como uma das escritoras mais importantes e prolíficas do século XIX, Acosta de Samper se destacou por produções como historiadora, jornalista e escritora, tendo atuado também como diretora de periódicos. Em sua viagem, a autora viúva, com cerca de sessenta anos, é acompanhada por sua filha Blanca Leonor, de trinta anos. Compilada sob o nome de Viaje a España, foi publicada em dois tomos, respectivamente em 1893 e 1894, caracterizando uma experiência que durou dois meses e meio com a participação da escritora em três congressos distintos. Sendo assim, o IX Congresso Internacional de Americanistas, no qual foi reconhecida como membro honorária, o Congresso Pedagógico Hispano-Português-Americano e o Congresso Literário Hispano-Americano são elementos importantes para compreender a relevância da configuração de redes de sociabilidade que a insere em um meio intelectual. Não só a sua atuação durante os eventos, mas nas festividades e celebrações que o cercaram, fortalecendo a sua inserção em uma rede de sociabilidade europeia, masculina e intelectual. Além da análise dos seus relatos de viagem, sob o título Viaje a España en 1892, tomamos como fontes primárias as publicações dos anais do IX Congreso de Americanistas, bem como as apresentações realizadas por Acosta de Samper durante o evento, incluindo uma memória sobre a existência de populações indígenas antes da chegada dos europeus à Colômbia e a presença de hebreus na região de Antioquia, pertencente ao país citado. Por sua vez, sua filha, Blanca Leonor, produz cartas sobre a viagem que são enviadas à sua tia paterna María, e nos trazem outra dimensão para a mencionada viagem. A partir desses objetos de estudo, lançamos mão do aporte teórico da História Intelectual, História das Relações de Gênero e os mecanismos relacionados ao travel writing, que permitem uma produção intelectual híbrida, marcada por meandros da ficção e não-ficção.

This work aims to analyze the journey of the Colombian traveler Soledad Acosta de Samper, as guest of the so-called "commemorations" of the 4th Centenary of the Conquest of America, undertaken by the Spanish Crown in 1892. Recognized as one of the most important and prolific writers of the nineteenth century, Acosta de Samper stood out for productions as a historian, journalist and writer; having also served as a director of journals. In her trip, the widowed author, about sixty years old, is accompanied by her daughter Blanca Leonor, thirty years old. Compiled under the name of Viaje a España in two volumes, published respectively in 1893 and 1894; the experience that lasted two and a half months, was characterized by the participation of the writer in three distinct congresses. Thus, his participation in the IX International Congress of Americanists, in which he was held as an honorary member; Hispano-Portuguese-American Pedagogical Congress and Hispano-American Literary CongressAmerican are important elements to understand the relevance of the configuration of networks of sociability, which insert it into an intellectual medium. Not only his performance during the events, but in the festivities and celebrations that surrounded him, strengthening his insertion in a network of European sociability, male and intellectual. In addition to the analysis of his travel reports under the title Viaje a España en 1892, we take as our primary sources the publications of the annals of the IX Congreso de Americanistas as well as the presentations made by Acosta de Samper during the event, among them, a memory of the existence of indigenous populations before the arrival of Europeans in Colombia and the presence of Hebrews in the region of Antioquia, belonging to the country mentioned. In turn, his daughter Blanca Leonor, produces letters about the trip, which are sent to his paternal aunt María, and bring us another dimension for the said trip. From these objects of study, we make use of the theoretical contribution of Intellectual History, History of Gender Relations and the mechanisms related to travel writing, which allows a hybrid intellectual production, marked by the intricacies of fiction and non-fiction.