Esta pesquisa se configura como uma fonte de denúncia das múltiplas condições de opressão às quais estão sujeitas as pessoas em um contexto interseccional não-normativo de localização social byxa-preta-cabocla-de-quebrada, condições essas que são resultado dos processos produzidos pela cisnormatividade que cria e promove um estado normalizado e naturalizado de violências, a partir da articulação de um cistema normativo que opera socialmente através de crenças e violências institucionalizadas e não institucionalizadas, em associação à uma pedagogia normativa que o sustenta. Trata-se do resultado do diálogo estabelecido entre o referencial teórico que integra esta pesquisa, composto por intelectuais dos estudos decoloniais, dos feminismos negros, dos transfeminismos e dos estudos queer, bem como pelas histórias de diferentes pessoas em contexto interseccional byxa-preta-cabocla-de-quebrada, a partir dos objetivos de mapeamento e discussão sobre as violências e transgressões que se dão diante desse contexto normativo. A partir dos conceitos de dispositivo de racialidade/biopoder, do dispositivo de sexualidade, do epistemicídio e da cisnormatividade, encontramos um caminho teórico para a elucidação dessas questões em associação ao trajeto de investigação empreendido a partir da simbologia dos espelhos abebés usados pela divindades iorubá Oxum e Iemanjá. Foi possível concluir que o cistema normativo funciona a partir de mecanismos de exploração, exclusão, constrangimento, punição e correção, no sentido de modelagem de corpos e subjetividades, de forma a colocar e manter a masculinidade normativa, a branquitude, a heterossexualidade e a cisgeneridade no centro da existência humana e nos lugares de poder e privilégio, enquanto conduz as pessoas e as experiências não-normativas às margens e às periferias em suas mais variadas formas. De tudo as normatividades pretendem se apossar, se materializando a partir dos corpos e subjetividades em consonância com uma corrente de pensamento fundamentalista e ultraconservadora que podemos nomear como a sua pedagogia. O mecanismo de funcionamento do cistema normativo se baseia no uso do poder, o qual é exercido através das violências e coerções, objetivando a submissão. A não-submissão acarreta violências ainda maiores, como a rejeição, o desprezo e o abandono, conduzindo as pessoas não-normativas ao caminho do isolamento e da solidão, objetivando a sua eliminação e morte

This research is configured as a source of denunciation of the multiple conditions of oppression to which people are subject in a non-normative intersectional context of social location byxa-preta-cabocla-de-quebrada, conditions that are the result of the processes produced by cisnormativity which creates and promotes a normalized and naturalized state of violence, based on the articulation of a normative system that operates socially through institutionalized and non-institutionalized beliefs and violence, in association with a normative pedagogy that supports it. This is the result of the dialogue established between the theoretical framework that integrates this research, composed of intellectuals from decolonial studies, black feminisms, transfeminisms and queer studies, as well as the stories of different people in an intersectional context byxa-preta-cabocla-de-quebrada, based on the objectives of mapping and discussing the violence and transgressions that occur in this normative context. Based on the concepts of the raciality/biopower device, the sexuality device, epistemicide and cisnormativity, we found a theoretical path to elucidate these issues in association with the investigation path undertaken based on the symbolism of the abebé mirrors used by the Yoruba deities Oxum and Iemanjá. It was possible to conclude that the normative system works through mechanisms of exploration, exclusion, constraint, punishment and correction, in the sense of modeling bodies and subjectivities, in order to place and maintain normative masculinity, whiteness, heterosexuality and cisgenderity at the center of human existence and in places of power and privilege, while leading people and non-normative experiences to the margins and peripheries in their most varied forms. Normativities intend to take possession of everything, materializing from bodies and subjectivities in line with a fundamentalist and ultra-conservative current of thought that we can name as its pedagogy. The operating mechanism of the normative system is based on the use of power, which is exercised through violence and coercion, aiming at submission. Non-submission leads to even greater violence, such as rejection, contempt and abandonment, leading non-normative people to the path of isolation and loneliness, aiming for their elimination and death