No mundo todo, o aumento da cobertura de vegetação nativa é impulsionado pelas metas de restauração de ecossistemas promovidos pela ONU. Só no Brasil, a meta é restaurar e promover a recuperação natural de 12 milhões de hectares de florestas até 2030. A biomassa e estrutura florestal, porém, são recuperadas de maneira mais rápida que as funções do ecossistema, sendo assim, medem-se o sucesso desses projetos através do carbono sequestrado ou mesmo da biodiversidade estabelecida. Apesar de importantes, pouco se fala sobre a recuperação das funções hidrológicas na restauração e a provisão de serviços hídricos, como, por exemplo, água em quantidade para suprir as demandas locais. Por este motivo, o objetivo principal deste estudo foi analisar os serviços hidrológicos relacionados a provisão e regulação de água e a proteção do solo, em florestas restauradas ao longo de um gradiente topográfico. Para tal, foram demilitadas três parcelas experimentais na Estação Experimental de Ciências Florestais de Itatinga (EECFI), sendo duas parcelas numa floresta secundária de 46 anos que foi regenerada naturalmente, em duas diferentes posições topográficas (46W e 46D), e uma terceira parcela numa floresta de 14 anos de idade, onde foi implementada uma restauração com plantio de mudas (14A). Em cada uma das parcelas foi avaliada a estrutura e composição florestal e uma estação meteorológica automática registrou dados como umidade relativa do ar, temperatura média e radiação fotossinteticamente ativa. Os processos hidrológicos, por sua vez, foram medidos ou calculados quinzenalmente por um período de um ano, são eles a transpiração, interceptação pelo dossel, evapotranspiração e o excedente hídrico. Os resultados demonstraram que as diferenças dos serviçoes hidrológicos entre as parcelas do estudo se dão principalmente pelas diferenças na estrutura florestal. Indicadores de estrutura mais baixos resultam em menor evapotranspiração e maior excedente hídrico, que por consequência, indica maior serviço de provisão de água. Já a estrutura do dossel florestal mais desenvolvida, influencia a interceptação pelo dossel, que por sua vez indica maior serviço de proteção do solo. O serviço de regulação hídrica não foi muito diferente entre as florestas e posição no relevo, indicando que o solo e sazonalidade climática da região, podem influenciar mais os resultados do que as diferenças na estrutura e composição da vegetação.

Worldwide, the increase in native vegetation coverage is driven by ecosystem restoration goals promoted by the United Nations. In Brazil alone, the goal is to restore and promote the natural recovery of 12 million hectares of forests by 2030. However, biomass and forest structure recover more quickly than ecosystem functions. Therefore, the success of these projects is measured through sequestered carbon or established biodiversity. Despite their importance, little is said about the recovery of hydrological functions in restoration and the provision of water services, such as supplying local water demands. For this reason, the main objective of this study was to analyze hydrological services related to water provision and regulation and soil protection in restored forests along a topographic gradient. For this purpose, three experimental plots were delineated at the Itatinga Experimental Forest Science Station (EECFI). Two plots were in a 46-year-old secondary forest that regenerated naturally in two different topographic positions (46W and 46D), and a third plot was in a 14-year-old forest where restoration was implemented with seedling planting (14A). The forest structure and composition were evaluated in each plot, and an automatic weather station recorded data such as relative humidity, average temperature, and photosynthetically active radiation. Hydrological processes were measured or calculated biweekly for one year, including transpiration, canopy interception, evapotranspiration, and water surplus. The results showed that differences in hydrological services among the study plots were primarily due to differences in forest structure. Lower structure indicators resulted in lower evapotranspiration and higher water surplus, indicating a greater water provision service. On the other hand, a more developed forest canopy structure influenced canopy interception, indicating a higher soil protection service. Hydrological regulation service was not significantly different between forests and topographic positions, suggesting that soil and regional climatic seasonality may influence results more than differences in vegetation structure and composition.