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Thèse de Doctorat
DOI
https://doi.org/10.11606/T.91.2019.tde-09082019-102638
Document
Auteur
Nom complet
Estela Maria de Azevedo Nery Ferreira
Adresse Mail
Unité de l'USP
Domain de Connaissance
Date de Soutenance
Editeur
Piracicaba, 2019
Directeur
Jury
Martirani, Laura Alves (Président)
Malheiros, Tadeu Fabricio
Marques, Paulo Eduardo Moruzzi
Sorrentino, Marcos
Vasconcelos, Valéria Oliveira de
Titre en portugais
Demandas sociais e o movimento ambientalista: um estudo de caso na rede de educação cidadã
Mots-clés en portugais
Ambientalismo
Ambiente e Sociedade
Ecologia
Movimentos Sociais
Resumé en portugais
Apresenta-se um estudo sobre o pensamento ecológico e movimentos sociais contemporâneos, desenvolvido junto à Rede de Educação Cidadã (Recid), gestada no ano de 2003 de forma interligada ao Programa Fome Zero, durante o primeiro mandato do governo Lula. A rede aglutinou membros de diversos movimentos sociais brasileiros em um amplo programa de educação popular. O estudo buscou identificar quais ideais e valores ambientalistas expressavam-se nos discursos e práticas de militantes participantes da rede e, assim, avaliar a penetração de pautas ambientais junto a esses movimentos. Partindo da premissa de que o movimento ambientalista possui enorme apelo junto à opinião pública, e que ainda é raro observarmos a efetivação de políticas públicas ambientais, partimos da hipótese de que a reduzida eficácia política do pensamento ecológico se deve ao fato de que o ambientalismo ganha penetração nas pautas políticas na mesma proporção em que perde sua radicalidade. A metodologia adotada foi o estudo de caso. Os dados foram coletados através de: observação participante, análise documental; questionários e entrevistas e examinados pelo método da análise de conteúdo. Os principais resultados organizam-se em três categorias: articulações, práticas e percepções dos membros participantes da Recid sobre temáticas ambientais. Considerando o viés das articulações entre o ambientalismo e as demandas sociais presentes na Recid, destacam-se as questões agrárias, como propriedade, distribuição de terras e uso do solo e o fomento a modelos de agricultura agroecológica, familiar, camponesa e urbana. Destaca-se também a aproximação do ambientalismo com movimentos em defesa da segurança alimentar e nutricional e soberania alimentar, em especial contra os agrotóxicos; bem como a aproximação do ambientalismo com iniciativas de economia solidária e geração de emprego e renda, enfatizando o reaproveitamento de materiais recicláveis e gestão de resíduos sólidos, envolvendo cooperativas e catadores. As práticas de cunho ambientalista estudadas apresentam forte presença de atividades focadas na educação para preservação ambiental como: debates sobre a importância da preservação da natureza, criação e manutenção de hortas comunitárias, artesanato com resíduos recicláveis. Finalmente, nas percepções dos entrevistados evidencia-se a crítica à banalização do conceito de sustentabilidade socioambiental e dos valores do ambientalismo e a responsabilização do modelo de desenvolvimento capitalista como principal culpado pela crise ambiental. Observa-se intencionalidade em politizar as questões ambientais ao transversalizá-las nas diversas frentes das lutas sociais, em especial pelo interesse dos membros da Recid em fomentar e monitorar políticas públicas voltadas ao meio ambiente. Para estes atores, o ambientalismo busca construir uma visão de mundo alternativa, que valoriza conhecimentos tradicionais e populares, concebe as relações entre ambiente e sociedade sob uma perspectiva holística pautada por uma ética de cuidado com avida, defende uma organização social coletivista e considera a natureza como sujeito de direitos. Ficou claro que os elementos mais críticos do pensamento ecológico atingiram penetração nas políticas públicas durante o período no qual a Recid se manteve institucionalizada, e a suposta perda de radicalidade e flexibilização dos ideais do movimento apresentou-se mais como reflexo das disputas conceituais intrínsecas ao momento histórico, e não decorrente de uma fragilidade do Pensamento Ecológico.
Titre en anglais
Social demands and the environmental movement: a case study in the citizen education network
Mots-clés en anglais
Ecology
Environment and Society
Environmentalism
Social movements
Resumé en anglais
It presents a study on ecological thinking and contemporary social movements, developed with the Citizen Education Network (Recid), created in 2003 in an interconnected way with the Zero Hunger Program, during the first term of the Lula government. The network agglutinated members of diverse Brazilian social movements in an ample program of popular education. The study wanted to identify which environmental ideals and values were expressed in the discourses and practices of militants participating in the network and, thus, evaluate the penetration of environmental guidelines along these movements. Based on the premise that the environmental movement has a great appeal to public opinion, and that it is still rare to observe the implementation of environmental public policies, we assume that the reduced political efficacy of ecological thinking is due to the fact that environmentalism gains penetration in the political guidelines in the same proportion in which it loses its radicalism. The methodology adopted was the case study. Data were collected through: participant observation, document analysis; questionnaires and interviews and examined by the content analysis method. The main results are organized into three categories: articulations, practices and perceptions of members participating in Recid on environmental issues. Considering the bias of the articulations between environmentalism and the social demands present in Recid, the agrarian issues, such as property, land distribution and land use, and the promotion of models of agro ecological, family, peasant and urban agriculture stand out. It is also worth highlighting the approach of environmentalism with movements in defense of food and nutritional security and food sovereignty, especially against agrochemicals; as well as the approximation of environmentalism with initiatives of solidarity economy and generation of employment and income, emphasizing the reuse of recyclable materials and management of solid waste, involving cooperatives and waste pickers. The environmental practices studied have a strong presence of activities focused on environmental preservation education, such as: debates about the importance of nature preservation, creation and maintenance of community gardens, handicrafts with recyclable waste. Finally, in the interviewees' perceptions the criticism of the trivialization of the concept of socio-environmental sustainability and of the values of environmentalism and the responsibility of the capitalist development model as the main culprit for the environmental crisis is evident. There is an intentionality in politicizing environmental issues by mainstreaming them on the various fronts of social struggles, in particular by Recid members' interest in promoting and monitoring public policies focused on the environment. For these actors, environmentalism seeks to construct an alternative worldview, which values traditional and popular knowledge, conceives the relations between environment and society under a holistic perspective guided by an ethic of care for life, defends a collectivist social organization and considers the nature as subject of rights. It was clear that the most critical elements of ecological thinking reached a penetration in public policies during the period in which Recid remained institutionalized, and the supposed loss of radicalism and flexibility of the ideals of the movement was more a reflection of the conceptual disputes intrinsic to the moment historical, and not due to a fragility of Ecological Thinking.
 
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Date de Publication
2019-08-15
 
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