Nesta dissertação, discuto as práticas realizadas nos programas educativos da Fundação Bienal de São Paulo, sobretudo em suas 24ª e 33ª edições. Enquanto a primeira está mais diretamente relacionada ao ensino da arte, tendo sido elaborada num contexto educacional que envolve a promulgação da Lei de Diretrizes e Bases (1996), que forneceu parâmetros para o Ensino de Arte nas escolas brasileiras, a segunda apresenta uma proposta sem intenções voltadas ao ensino da arte, dirigida a exercícios de atenção frente a um objeto de arte qualquer. Na 33ª Bienal, o único aspecto ligado ao ensino relaciona-se à uma revisão histórica que problematiza as relações étnico-raciais no Brasil. Os dois primeiros capítulos são voltados para a caracterização histórica geral das práticas educativas, especialmente no que diz respeito à herança histórica advinda dos museus e à influência dos contextos políticos. Nos capítulos três e quatro, é feito um aprofundamento que evidencia essas heranças históricas e os modos de operar em cada uma das edições tratadas e também é apresentada a influência dos contextos políticos sobre as práticas educativas adotadas. No capítulo cinco é feito um reexame de práticas tradicionalmente empregadas por educadores que se voltam ao ensino da Arte. Essa reavaliação se dá por meio de pesquisas-ação, conduzidas em consonância com a proposta de práticas documentárias que procuram localizar o contexto e o ponto de vista daqueles que participam da ação, e não daquele que a conduz. Isso porque, no caso do ensino da arte, a ênfase recai, tradicionalmente, sobre o condutor da ação. A diversidade nos modos de operar em programas educativos demonstra que, apesar das heranças históricas vinculadas ao ensino da arte e às dinâmicas museológicas, a prática realizada por setores educativos e mediadores pode ser constantemente revisada, e uma prática documentária pode ajudar a localizar contingências em um contexto específico, histórico, político ou próprio do campo da arte.

In this dissertation, I discuss the practices carried out in the educational programs of Fundação Bienal de São Paulo, especially in its 24th and 33rd editions. While the former is more directly related to art education and was elaborated in an educational context that involves the promulgation of the National Educational Bases and Guidelines Law (1996), which provided the parameters for Art Teaching in Brazilian schools, the latter presents a proposal with no intentions towards art teaching, directed to attention exercises in front of any art object. At the 33rd edition, the only aspect regarding education is related to a historical review that problematizes ethnic-racial relations in Brazil. The first two chapters focus on the general historical characterization of educational practices, especially with regard to the historical heritage of museums and the influence of political contexts. In chapters three and four, it is made a deepening that evidences these historical heritages in each edition investigated and it is also presented the influence of the political contexts on the educational practices adopted. In chapter five there is the reassessment of practices traditionally employed by educators that are dedicated to Art teaching. This reassessment is done through action research, conducted in line with the proposal of documentary practices that seek to locate the context and point of view of those who participate in the action, instead of who leads it. This is because, in the case of art education, the emphasis is traditionally on the leader of the action. The diversity in the ways of operating in educational programs demonstrates that, despite historical heritages linked to art teaching and museological dynamics, the practice carried out by educational sectors and mediators can be constantly revised, and a documentary practice can help locate contingencies in a context that is specific, historical, political, or related to the field of art.