A cultura é um importante fator subjacente das práticas de segurança em todos os ambientes de trabalho e, embora existam diretrizes para o seu aprimoramento em ambientes universitários, a literatura não dispõe de um instrumento validado para sua avaliação. Esta pesquisa teve como objetivo desenvolver um instrumento teórico e empírico para avaliar a percepção da maturidade da cultura de segurança na FMVZ/USP. O método adotado foi um estudo longitudinal exploratório, confirmatório e descritivo, envolvendo 37 servidores da FMVZ/USP. Foram realizadas entrevistas, individualmente, combinando perguntas abertas semiestruturadas e fechadas. Utilizou-se o Discurso do Sujeito Coletivo (DSC) para identificar temas de segurança (operadores das características) e características culturais; aplicou-se a matriz SWOT (do inglês, força, fraqueza, oportunidade e ameaça) nos discursos para extrair a percepção dos entrevistados sobre a cultura e traçar estratégias para o seu aprimoramento. As perguntas fechadas empregaram a escala Likert para avaliar a influência das características culturais no comportamento, com análise realizada por meio do software R. Os resultados revelaram 29 temas de segurança (operadores das características): todos os 23 apontados na literatura industrial, e outros 6 novos temas, associados ao ambiente universitário, especialmente de uma instituição pública. Todos os temas, incluindo os novos, estavam associados às 6 características culturais preditoras de desempenho de segurança no contexto industrial. Apesar das 6 características terem sido destacadas como importantes influenciadoras das práticas de segurança, o "paradigma" foi o constructo que mais apresentou consenso, entre os participantes, quanto à influência no comportamento. Esses resultados foram utilizados para elaboração de um modelo teórico-empírico de percepção da maturidade da cultura de segurança na universidade; com base nesse modelo foi proposto um instrumento de diagnóstico, um questionário com questões fechadas, que foi validado teoricamente por especialistas em segurança do trabalho. Conclui-se que no ambiente universitário estão presentes todos os temas de segurança do ambiente industrial, acrescido de outros, cuja especificidade pode estar relacionada à universidade pública em si e/ou às transformações culturais da sociedade atual, mostrando que o estudo trouxe uma importante contribuição para o desenvolvimento do conceito da Cultura de Segurança nesse contexto. Conclui-se, ainda, que o modelo de maturidade da cultura de segurança proposto foi útil para a elaboração de um instrumento para avaliação da maturidade; a validação teórica do questionário mostra que ele é adequado para a próxima etapa, de validação empírica na FMVZ/USP; acredita-se que o questionário possa ser facilmente adaptado para avaliar a maturidade em outras Instituições de Ensino Superior. Ao promover um ambiente de trabalho mais seguro, a pesquisa contribui para duas metas de Desenvolvimento Sustentável da ONU: a redução de mortes e doenças relacionadas a perigos químicos e poluição, e a promoção de ambientes de trabalho seguros para todos os trabalhadores.

Culture is an important underlying factor in safety practices across all work environments. While there are guidelines for improving it in university environment, the literature lacks a validated tool for its assessment. This research aimed to develop a theoretical and empirical instrument to assess the perception of safety culture maturity at FMVZ/USP (School of Veterinary Medicine and Animal Science / University of São Paulo). The method adopted was a longitudinal exploratory, confirmatory, and descriptive study involving 37 FMVZ/USP staff members. Individual interviews were conducted, combining a semi-structured open-ended and closed-ended questions. The Discourse of the Collective Subject (DCS) was used to identify security themes (characteristic operators) and cultural characteristics; the SWOT matrix (strength, weakness, opportunity and threat) was applied to the speeches to extract the interviewees’ perception of the culture and outline strategies for its improvement. Closed-ended questions utilized the Likert scale to assess the influence of cultural characteristics on behavior, with analysis conducted using R software. The results revealed 29 safety themes (characteristic operators): all 23 identified in the industrial literature, and another 6 new themes, associated with the university environment, especially in a public institution. All themes, including the new ones, were associated with 6 cultural characteristics predictive of safety performance in the industrial context. Although the 6 characteristics were highlighted as important influencers of safety practices, the "paradigm" was the construct that presented the most consensus among participants regarding its influence on behavior. These findings were used to develop a theoretical-empirical model of safety culture maturity perception at the university; based on this model, a diagnostic instrument - a questionnaire with closed-ended questions - was proposed and theoretically validated by occupational safety experts. It is concluded that in the university environment all safety issues in the industrial environment are present, plus others, whose specificity may be related to the public university itself and/or the cultural transformations of today's society, showing that the study made an important contribution for the development of the concept of Safety Culture in this context. Furthermore, the proposed safety culture maturity model proved useful for developing an assessment instrument; theoretical validation of the questionnaire indicates its suitability for the next step, empirical validation at FMVZ/USP; it is believed that the questionnaire could be easily adapted to assess maturity in other Higher Education Institutions. By promoting a safer work environment, the research contributes to two of the UN's Sustainable Development Goals: reducing deaths and illnesses related to chemical hazards and pollution and promoting safe work environments for all workers.