Esta dissertação busca compreender de que forma a Educação Matemática Crítica pode orientar propostas de ensino de matemática que considerem o território. A relevância deste tema justifica-se pela ausência de direcionamento nos currículos atuais de matemática no que diz respeito ao trabalho que articula matemática e território, o que pode acarretar dificuldades para os professores. Outro motivo é que os livros didáticos, ferramenta de trabalho dos professores, são baseados nesses currículos, e costumam apresentar contextos globais ou ainda artificiais. Diante disso, adotando a Educação Matemática Crítica como concepção orientadora, que expressa as preocupações da Educação Matemática, e elementos da metodologia Pesquisa-ação, foram realizadas duas formações com professores, sendo elas: um minicurso realizado no II Encontro Nacional Online de Professores que Ensinam Matemática (ENOPEM) e um curso no 21º Encontro USP Escola. Durante essas formações, por meio das abordagens de ensino cenários para investigação, geotecnologias, modelagem matemática e etnomatemática, foram apresentados exemplos de práticas pedagógicas que conectam conteúdos de matemática a investigações sobre o território. Como resultado, constatamos que os professores participantes do II ENOPEM e do 21º Encontro USP Escola tinham pouca familiaridade com esse tema e que as formações propostas lhes permitiram ampliar seus conhecimentos sobre matemática e território. No 21º Encontro USP Escola, os professores elaboraram sequências didáticas sobre o tema, e na análise apresentada neste trabalho, observa-se que estas refletem o que faz sentido para eles nas escolas em que lecionam. Por isso, algumas sequências, muitas vezes, são caracterizadas por um foco predominante em exercícios ou em contextos que fazem referência à matemática pura. Concluiu-se que, ao relacionarmos os problemas do território com as preocupações da Educação Matemática Crítica, os professores incluíram em suas sequências didáticas convites para investigação, perguntas para estimular o diálogo com os estudantes e reflexões sobre a própria matemática. Por fim, a perspectiva crítica mostrou-se presente nas análises das sequências elaboradas, uma vez que as preocupações com o território levam a questionamentos sobre as responsabilidades das pessoas que habitam ou governam o território.

This dissertation aims to understand how Critical Mathematics Education can guide proposals for teaching mathematics that consider the territory. The relevance of this theme is justified by the lack of direction in current mathematics curriculum regarding the work that articulates mathematics and territory, which can lead to difficulties for teachers. Another reason is that textbooks, teachers' working tools, are based on these curriculums and often present global or artificial contexts. Considering that, adopting Critical Mathematics Education as a guiding conception, which expresses the concerns of Mathematical Education, and elements of the Research-Action methodology, two moments of continuing education were conducted with teachers: a mini-course held at the II National Online Meeting of Mathematics Teaching Teachers (ENOPEM) and a course at the 21st USP School Meeting. During these moments of continuing education, through teaching approaches such as landscapes of investigation, geotechnologies, mathematical modeling, and ethnomathematics, examples of pedagogical practices connecting mathematics content to investigations about territory were presented. As a result, we found that teachers participating in the II ENOPEM and the 21st USP School Meeting had little familiarity with this topic and that the proposed training sessions allowed them to expand their knowledge about mathematics and territory. At the 21st USP School Meeting, teachers developed didactic sequences on the topic, and in the analysis presented in this work, it is observed that these reflect what makes sense for them in the schools where they teach. Therefore, some sequences are often characterized by a predominant focus on exercises or contexts that reference pure mathematics. It was concluded that by relating territory issues to the concerns of Critical Mathematics Education, teachers included in their didactic sequences invitations for investigation, questions to stimulate dialogue with students, and reflections on mathematics itself. Finally, the critical perspective was evident in the analyses of the developed sequences, as concerns about territory led to questioning the responsibilities of the people who inhabit or govern the territory.