Empatia refere-se nossa habilidade de identificar o que outra pessoa está pensando ou sentindo e responder a seus pensamentos e sentimentos de maneira apropriada. Esta habilidade é atualmente descrita como componente dos processos de Cognição Social. Sabe-se que tais processos possuem base neurobiológica, porém é também compreendido que este sofre influência ambiental. Outro conceito necessário para este estudo tem formulação semelhante, o de personalidade, sendo que a construção desta é amplamente descrita como uma relação entre o indivíduo biológico e sua interação com o meio. Sendo assim indivíduos com histórico aversivo quanto aos relacionamentos pessoais podem apresentar dificuldades quanto a empatia e cognição social em geral. O presente estudo teve por objetivo compreender se há uma relação de influência entre os níveis de empatia, traços de personalidade em jovens com histórico de bullying e negligência. Participaram deste estudo 1578 jovens, sendo 758 (48,06%) masculino e 819 (51,93% (feminino), com faixa etária de 14 a 16 anos (média = 15,5 anos e DP 0,77) da rede pública de ensino. Foram utilizados três diferentes instrumentos para coleta de dados, o questionário de personalidade para crianças e adolescentes (EPQ-J), o coeficiente de empatia (EQ) e um questionário elaborado para verificação de presença de histórico de bullying, violência e ou negligência na infância e adolescência. Os resultados demonstram que 507 (32,14%) dos participantes revelaram identificação positiva para histórico de bullying, negligência e ou violência. Além disso, os participantes com histórico de violência expressaram as médias mais baixas no quociente de empatia (28, 34), quando comparado aos participantes sem histórico de violência (46,26). Observou-se ainda uma correlação significativa entre níveis de empatia, histórico de bullying, negligência e ou violência na infância e adolescência, e traços de personalidade, principalmente psicoticismo e neuroticismo. Os dados encontrados são sugestivos para se pensar em programas de intervenção quanto a diminuição de bullying e ampliação de habilidades sociais referentes ao contexto empático nesta população.

Empathy refers to our ability to identify what another person is thinking or feeling and to respond to their thoughts and feelings appropriately. This ability is currently described as a component of Social Cognition processes. It is known that such processes have a neurobiological basis, but it is also understood that this process is influenced by the environment. Another concept necessary for this study has a similar formulation, that of personality, and its construction is widely described as a relationship between the biological individual and his interaction with the environment. Therefore, individuals with an aversive history of personal relationships may have difficulties with empathy and social cognition in general. The present study aimed to understand whether there is a relationship of influence between levels of empathy, personality traits in young people with a history of bullying and neglect. 1577 young people being 758 (48.06%) male and 819 (51.93% (female), aged 14 to 16 years (mean = 15.5 years and SD 0.77) from the public school system participated in this study. Three different instruments were used for data collection, the personality questionnaire for children and adolescents (EPQ-J), the empathy coefficient (EQ) and a questionnaire designed to verify the presence of a history of bullying, violence and/or neglect in childhood, and adolescence. The results indicated that 507 (32,14%) of the participants revealed history of bullying, neglect and or violence. In addition, participants with a history of violence expressed the lowest averages in the empathy quotient (28, 34), when compared to participants without a history of violence (46.26). There was also a significant correlation between levels of empathy, history of bullying, neglect and/or violence in childhood and adolescence, and personality traits, mainly psychoticism and neuroticism. The data found are suggestive for thinking about intervention programs regarding the reduction of bullying and expansion of social skills related to the empathic context in this population.