A prática do estágio possibilita o contato dos estudantes com o mundo profissional, proporcionando-lhes maior conhecimento de si e do mundo do trabalho. Para interagir com pessoas, no ambiente acadêmico e no trabalho, são requeridas competências socioemocionais e competências transversais e transferíveis (CTT) e o domínio destas competências exerce um papel central na aquisição e desenvolvimento de competências profissionais, ampliando as possibilidades de adaptação dos estudantes universitários aos diversos contextos de inserção profissional. Esta investigação, de natureza quanti-qualitativa, foi desenvolvida em dois estudos, além de uma revisão de escopo que buscou identificar, analisar e sintetizar as definições conceituais das CTT em estudos de carreira no ensino superior, compondo a seção sobre enquadramento teórico. O Estudo 1 objetivou descrever e caracterizar uma amostra de estagiários brasileiros, em função das competências socioemocionais e transversais, a adaptabilidade de carreira e a percepção de autodesenvolvimento (flourishing), em relação ao sexo, idade, primeiro estágio e primeira escolha profissional. O Estudo 2 objetivou descrever as percepções de estagiários universitários sobre a influência da pandemia na rotina universitária, visando compreender estratégias utilizadas nas atividades da graduação e dos estágios para a construção da carreira com perspectivas de futuro. Participaram do Estudo 1 (quantitativo) 80 estagiários do ensino superior das regiões norte, nordeste e centro-oeste e entre eles sete participaram do Estudo 2 (qualitativo). Os instrumentos do Estudo 1 são: "Instrumento para Avaliação de Competências Socioemocionais" (SENNA 2.0); Escala de Autopercepção de Competências Transversais para o Trabalho (EACTT); Escala de Adaptabilidade de Carreira (EAC); Escala Flourishing (EF); e Questionário de identificação. O Estudo 2 foi realizado por meio de entrevistas via Google Meet, abordando os eixos temáticos: pandemia, construção da carreira, sobre a primeira etapa da pesquisa, e sobre a entrevista. Na análise do Estudo 1 foram feitas comparações entre grupos por meio do teste Mann-Whitney U e tamanho de efeito, interpretados à luz das teorias que embasam os instrumentos utilizados. Os registros do Estudo 2 foram organizados na plataforma MAXQDA para identificar temas para serem analisados à luz das teorias de carreira, por meio da análise temática de Braun e Clarke (2006). Os resultados do Estudo 1 não mostram diferenças significativas em função das variáveis: sexo, idade, primeiro estágio e primeira escolha profissional, com exceção de algumas facetas e dimensões do SENNA. O Estudo 2 mostrou relações entre a continuidade das atividades realizadas antes da pandemia com o desenvolvimento de estratégias para lidar com as intercorrências e incertezas em relação ao futuro profissional, sobretudo das atividades de estágio. Apesar das incertezas em relação ao futuro, os participantes conseguiram se adaptar melhor frente às preocupações, questões de saúde física e mental, mudanças de rotina e na carga de trabalho, apresentando competências socioemocionais e transversais desenvolvidas e adaptabilidade de carreira na superação das dificuldades para a realização do estágio e das aulas em tempos de pandemia.

The practice of the internship allows the contact of students with the professional world, providing them with greater knowledge of themselves and the world of work. In order to interact with people, in the academic environment and at work, socio-emotional skills and transversal and transferable skills (CTT) are required and the mastery of these skills plays a central role in the acquisition and development of professional skills, expanding the possibilities of adaptation of university students to the different contexts of professional insertion. This investigation, of a quantitative-qualitative nature, was developed in two studies, in addition to a scope review that sought to identify, analyze and synthesize the conceptual definitions of CTT in career studies in higher education, composing the section on theoretical framework. Study 1 aimed to describe and characterize a sample of Brazilian interns, in terms of socio-emotional and transversal skills, career adaptability and perception of self-development (flourishing), in relation to gender, age, first internship and first professional choice. Study 2 aimed to describe the perceptions of university interns about the influence of the pandemic on university routine, aiming to understand strategies used in undergraduate and internship activities to build a career with future perspectives. Participated in Study 1 (quantitative) 80 higher education interns from the North, Northeast and Midwest regions and among them seven participated in Study 2 (qualitative). The instruments of Study 1 are: "Instrument for the Assessment of Socioemotional Competences" (SENNA 2.0); Scale of Self-Perception of Transversal Skills for Work (EACTT); Career Adaptability Scale (EAC); Flourishing Scale (EF); and Identification Questionnaire. Study 2 was carried out through interviews via Google Meet, addressing the thematic axes: pandemic, career building, about the first stage of the research, and about the interview. In the analysis of Study 1, comparisons were made between groups using the Mann-Whitney U test and effect size, interpreted in light of the theories that support the instruments used. The records of Study 2 were organized on the MAXQDA platform to identify themes to be analyzed in the light of career theories, through the thematic analysis of Braun and Clarke (2006). The results of Study 1 do not show significant differences as a function of the variables: sex, age, first internship and first professional choice, with the exception of some facets and dimensions of SENNA. Study 2 showed relationships between the continuity of activities carried out before the pandemic with the development of strategies to deal with intercurrences and uncertainties regarding the professional future, especially in internship activities. Despite the uncertainties regarding the future, the participants were able to adapt better in the face of concerns, physical and mental health issues, routine changes and workload, presenting socio-emotional and transversal skills developed and career adaptability in overcoming difficulties for the future. carrying out the internship and classes in times of a pandemic.